A automedicação é contraindicada pois, mesmo que alivie o desconforto, ela não mata a bactéria e pode causar complicações.
Por Letícia Martins, jornalista especializada em saúde
A infecção urinária representa o segundo tipo de infecção mais frequente em todo o mundo, atrás apenas das infecções do trato respiratório. As mulheres sofrem mais do que os homens e estima-se que mais de 50% delas terão pelo menos uma infecção urinária na vida. Vários fatores contribuem para essa incidência alta na população feminina, entre eles a própria anatomia, pois a uretra do aparelho genital feminino é curta e próxima do ânus, o que possibilita a passagem de bactérias do ânus para a vagina.
Geralmente, essas infecções são causadas por bactérias provenientes do trato intestinal. Às vezes, elas conseguem chegar até a bexiga e rins, podendo causar fortes dores e problemas de saúde, como cistite (inflamação na bexiga) e infecção renal. Entre as principais manifestações clínicas de infecção urinária estão:
- urgência em urinar, mas dificuldade de esvaziar a bexiga,
- dor ou ardência ao urinar,
- dor lombar ou no abdômen, semelhante à cólica,
- em alguns casos, pode haver febre, urina turva e avermelhada em razão da presença de sangue.
Existe também a bacteriúria assintomática, condição em que há a presença de bactérias no trato urinário de mulheres, mas elas não apresentam sintomas nem danos. A frequência de bacteriúria assintomática varia conforme a idade, atividade sexual e presença de alterações no trato urinário.
A ginecologista Dra. Patrícia de Rossi, membro da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), explica que mulheres com diabetes, sobrepeso, na pós-menopausa, sobretudo aquelas com incontinência urinária ou dificuldade de esvaziar a bexiga, apresentam uma tendência maior de contrair infecção urinária. “As gestantes também são acometidas com maior frequência devido às alterações que ocorrem no corpo durante a gestação, como o aumento do útero que fica comprimindo a bexiga”, acrescenta a médica.
Como é o diagnóstico da infecção urinária
O diagnóstico de cistite isolado é feito por meio do relato dos sintomas pela paciente. O médico pode solicitar exames complementares, como de urina e urocultura, para identificar infecções de repetição, por exemplo, caso a mulher tenha realizado tratamento recentemente (menos de seis meses), ou quando há dúvidas sobre outras situações.
Como é o tratamento da infecção urinária
O tratamento é feito com antibióticos específicos, que devem ser sempre prescritos por um médico. A automedicação é contraindica pois, alerta Dra. Patrícia, pode até melhorar a dor e o desconforto, mas não ataca a bactéria, podendo causar complicações graves. “A automedicação é um risco para a saúde, porque, além de não resolver o problema, pode agravá-lo.”
Outro problema do uso indiscriminado de antibióticos é deixar a bactéria mais resistente, reduzindo o efeito dos medicamentos. Por isso, a ginecologista recomenda que a mulher procure o atendimento médico assim que surgirem os sintomas citados acima e não tome medicamentos por conta própria.
Além do antibiótico, o médico pode receitar analgésicos e anti-inflamatórios para aliviar a dor e o desconforto até que o tratamento seja finalizado. Beber água também faz parte do tratamento, além de ser essencial para ao funcionamento do corpo e a saúde em geral. Portanto, beba água sempre!
Clique aqui e ouça a entrevista que a equipe do Feito Para Ela fez com a Dra. Patrícia de Rossi e saiba mais detalhes sobre o tratamento da infecção urinária.
Urina com odor forte e amarelo intenso: quais as causas?
Muitas pessoas ficam preocupadas quando ocorre alguma alteração na cor e no odor da urina. “O odor forte e a coloração amarelada é reflexo de urina muito concentrada devido à baixa hidratação ou consumo de alguns alimentos”, esclarece a Dra. Patrícia, fazendo o alerta. “Já urina turva e com odor muito desagradável geralmente indica a presença de bactérias e é preciso investigar se elas estão causando uma infecção ativa ou somente estão presentes na urina, sem apresentar riscos”.
De acordo com a médica, há mulheres que têm urina com odor desagradável, tratam com antibióticos, mas o quadro retorna. Com o tempo, os antibióticos disponíveis não fazem mais efeito. Por isso, ela recomenda que cada caso se avaliado individualmente, para identificar a causa da infecção de repetição e o melhor tratamento. Existem situações, por exemplo, em que o odor pode ser amenizado com o aumento da ingestão de líquidos, já que não apresenta riscos para a saúde da mulher.