Em caso de suspeita de sintomas da doença, é importante buscar os serviços de saúde imediatamente.
Por Letícia Martins, jornalista com foco em saúde
Nas primeiras semanas do ano, o Brasil registrou mais de 520 mil casos de dengue, indicando a possibilidade de uma epidemia da doença transmitida pela fêmea do mosquito Aedes aegypti.
Gestantes devem tomar cuidado redobrado, pois o risco de morte materna é muito maior durante a gravidez quando comparado com gestantes que não foram infectadas pela dengue. Esse risco aumenta se a mulher for infectada no terceiro trimestre da gestação, colocando em perigo a sua vida e a saúde do bebê. “Estudos levantaram a hipótese de que mosquitos têm predileção por picar gestantes, embora os motivos ainda não sejam compreendidos. Assim, é importante que as mulheres adotem medidas de prevenção”, expõe o ginecologista obstetra Dr. Antônio Braga Neto, coordenador estadual da Área Técnica da Saúde das Mulheres do Rio de Janeiro e membro do Grupo de Trabalho sobre Dengue na Gestação da Febrasgo.
Ainda não há tratamento específico para a dengue e, embora já exista vacina contra a doença, ela não está liberada para uso em gestantes e lactantes, visto que seu princípio imunizante se baseia na presença de vírus vivos atenuados. No entanto, a vacina é recomendada para mulheres que planejam engravidar, assim que houver maior disponibilidade do imunizante.
“Portanto, a única forma que a gestante tem de evitar a dengue é evitar a picada do mosquito. Uma vez que as medidas de prevenção da picada não sejam suficientes e a paciente seja picada, existem medidas para atenuar os sintomas e evitar a evolução do quadro, mas para isso é necessário que a paciente procure o serviço de saúde aos primeiros sinais clínicos da dengue”, ressalta o ginecologista obstetra Dr. Geraldo Duarte, vice-presidente da CNE de Doenças Infectocontagiosas da Febrasgo.
Os especialistas recomendam as seguintes ações para reduzir a proliferação do Aedes aegypti e evitar a dengue:
- Elimine os criadouros do mosquito: tampe caixas d’água e recipientes com água parada, coloque areia nos pratinhos de vaso de plantas e mantenha os quintais limpos;
- Coloque telas nas portas e janelas: elas funcionam como barreiras para o mosquito da dengue. “O uso do mosquiteiro colocado sobre a cama também é um bom método de barreira, mas sua efetividade é limitada pois os hábitos do Aedes aegyiti são diurnos e a cama é mais utilizada à noite. No entanto, para gestantes que costumam descansar durante o dia, o uso do mosquiteiro é bastante efetivo”, recomenda Dr. Geraldo.
- Use repelentes: eles são essenciais para evitar que o mosquito da dengue se aproxime, mas é importante escolher os produtos aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que são feitos à base de ingredientes seguros para a saúde da gestante, como a picaridina, a icaridina, o N,N-dietil-meta-toluamida (DEET), o IR 3535 ou o EBAAP.
“Das estratégias disponíveis e possíveis para reduzir o número de picadas do mosquito, o uso de repelentes tem se mostrado como a mais eficiente”, afirma Dr. Geraldo.
- Não use repelentes naturais: óleos caseiros de citronela, andiroba e capim-limão, entre outros repelentes naturais, não possuem eficácia comprovada nem aprovação da Anvisa.
Principais sintomas da dengue em gestantes
A dengue pode se manifestar de forma assintomática, leve ou grave. Os principais sintomas são:
- Febre com duração de dois a sete dias
- Dores musculares
- Manchas no corpo
- Dor no fundo dos olhos
- Náuseas e vômitos
- Diarreia
- Dores articulares
- Dor de cabeça, entre outros.
Na presença de febre acompanhada de dois dos sintomas suspeitos acima, a gestante deve procurar o serviço de saúde o mais rápido possível, pois o diagnóstico precoce é fundamental para garantir tratamento adequado e acompanhar a evolução da doença. “Toda gestante com suspeita de dengue precisa fazer hidratação por via oral ou intravenosa, dependendo da gravidade do quadro e fazer os exames para diagnosticar e acompanhar a doença”, orienta Dr. Geraldo.
Nos casos mais leves, a gestante infectada com dengue deve ser acompanhada pelo médico e avaliada diariamente. Se o estado dela for grave, poderá ser encaminhada para internação hospitalar e em alguns casos em unidade de terapia intensiva. “Com a conduta adequada, a grande maioria das pacientes evolui de forma positiva, mas como não é possível saber quem vai ser curada da dengue, é imprescindível fazer o diagnóstico de todas as gestantes com sintomas suspeitos e acompanhar de perto a sua evolução. Por isso, a gestante não deve esperar a doença se agravar para procurar o médico”, ressalta o Dr. Geraldo.