Obesidade pode desencadear doenças ginecológicas

por Feito para Ela

Controle do peso corporal e consultas periódicas são essenciais para manter a saúde da mulher com sobrepeso.

Por Letícia Martins, jornalista com foco em saúde

São muitas as razões por trás da obesidade, como causas hormonais, doenças psicológicas, idade, genética, consequências da eventos específicos (como a pandemia) e até mudanças climáticas e inflação, com o aumento do custo de alimentos saudáveis e ricos em nutrientes.

Condição crônica de saúde ligada diretamente à má nutrição, o sobrepeso já atinge mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo, número digno da doença ser classificada como epidemia. De acordo com um estudo com estimativas globais sobre o tema, da revista científica The Lancet, com análise realizada entre 1990 e 2022, a obesidade duplicou nas mulheres nesse período.

Na prática, são 880 milhões de adultos com obesidade e, deste número, 504 milhões são mulheres. Isso significa que, no período contabilizado, houve um aumento de 294% de mulheres diagnosticadas com obesidade (de 8,8% para 18,5%).

Segundo o médico endocrinologista Dr. Cristiano Barcellos, diretor do Departamento de Endocrinologia do Exercício e do Esporte da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e membro da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), também houve uma mudança na faixa etária das mulheres acometidas por sobrepeso ao longo dos anos. “Se antigamente o aumento do peso era maior depois dos 40 anos, tendo o seu pico até os 50 ou 60 anos, hoje temos visto o excesso de peso em pessoas mais jovens, com 20, 30 anos”, declarou o médico. A idade coincide com o período mais comum para a maternidade.

Por isso, o ideal é fazer a manutenção do peso, como orienta o Dr. Cristiano. “É necessário um tratamento e o acompanhamento de perto, para evitar perder peso e recuperá-lo depois”.

Consequências

As tentativas de gestação, aliás, já ficam comprometidas com a obesidade, visto que uma das características da doença é a irregularidade menstrual, em decorrência do aumento de produção de certos hormônios. Entre as comorbidades ginecológicas mais comuns, estão:

  • Síndrome dos ovários policísticos (SOP)
  • Incontinência urinária
  • Risco de resistência à insulina, condição que afeta o ciclo menstrual
  • Câncer de mama
  • Câncer do endométrio ou de ovário
  • Aborto espontâneo
  • Perda fetal (natimorto)
  • Infertilidade

Doenças cardiovasculares (angina, AVC, infarto), distúrbios emocionais e problemas psicológicos, como ansiedade, depressão, síndrome do pânico, também podem aparecer em decorrência da obesidade ou de doenças desencadeadas por ela. Segundo o Dr. Cristiano, “pessoas com obesidade têm pelo menos 50% mais chances de terem depressão”.

Dificuldade para perder peso

As mulheres enfrentam mais dificuldade de perder gordura do que os homens. De acordo com informações da Abeso, os homens possuem mais musculatura, enquanto as mulheres têm maior percentual de gordura corporal. “O gasto energético feminino também é menor do que o masculino. Ou seja, a mulher possui um metabolismo mais lento”, esclarece o endocrinologista.

E como tudo tem um propósito no organismo, isso também têm. “É essa porcentagem de gordura que dá o formato característico do corpo feminino. O tecido adiposo em maior quantidade aparece, por exemplo, nas regiões das mamas e do quadril, formando a silhueta da mulher”. Por isso mesmo, o médico recomenda que, no processo de emagrecimento, é fundamental que a mulher não se compare com a perda de peso do homem.

Prevenção

Quem já está acima do peso precisa manter a mesma rotina de cuidados indicada para qualquer mulher, com visitas periódicas e exames ginecológicos específicos, como mamografia, Papanicolau e ultrassom.

Exercícios físicos com a orientação de um profissional e, preferencialmente, acompanhamento com nutricionista também são importantes. Na dúvida, a ideia é fazer o básico bem-feito, mantendo a hidratação em dia e dando preferência por alimentos não processados.

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