Relações sexuais entre duas mulheres não estão isentas de riscos. A proteção aumenta com informação correta, vacinação e outras medidas descritas a seguir.
Por Letícia Martins, jornalista com foco em saúde
Uma simples busca na internet sobre prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) resulta, em segundos, em uma lista infinita de conteúdo, mas a maioria voltado para a saúde de homens e mulheres heterossexuais. Dessa forma, dúvidas específicas de mulheres homossexuais ou lésbicas, isto é, aquelas que se relacionam com outras mulheres, ficam sem respostas.
Os cuidados na relação homossexual seguem as mesmas premissas de uma relação heterossexual. Mas, para esclarecer as questões mais comuns desse universo, fizemos uma pesquisa com leitoras lésbicas, que nos contaram suas principais dúvidas, que foram além dos aspectos sexuais. Para respondê-las, consultamos o Dr. Eduardo Siqueira Fernandes, ginecologista, sexólogo e membro da Comissão Nacional Especializada (CNE) em Sexologia da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Confira:
Mulheres que têm relação sexual com outras mulheres, mas nunca se relacionaram com homens, precisam fazer o papanicolau?
O papanicolau é um exame preventivo importante para verificar a saúde genital da mulher. É um exame de coleta simples, realizado em consultório, que permite avaliar as características das células do colo do útero e identificar infecções e lesões que podem evoluir para câncer de colo do útero.
Todas as mulheres (heterossexuais e homossexuais) e pessoas com vulva (parte externa do aparelho genital feminino) e vagina, que já tiveram relações sexuais com penetração pela vagina, devem fazer o papanicolau. Isso inclui a penetração pela vagina por pênis, por dedos ou por sex toys (brinquedos sexuais). O Ministério da Saúde tem protocolos definidos que incluem esse exame na rotina de rastreio oncológico.
Como as lésbicas podem prevenir ISTs?
A relação sexual entre duas mulheres não significa risco nulo de ISTs, então, é preciso se proteger! Para maior eficácia na prevenção, é preciso ter atenção a alguns pontos. O primeiro deles é a vacinação contra a hepatite B e o HPV. Depois, vêm as adaptações no momento do ato sexual, como as luvas de dedo para as manipulações genitais, facilmente encontradas em sex shops.
Também é possível utilizar o dental dams, um tipo de película usada por dentistas e que pode ser colocada acima da vulva para o sexo oral. Como esses métodos não são específicos, acabam tendo maior custo e dificuldade no acesso. Mas essas opções existem e precisam ser adotadas para reduzir a incidência de ISTs.
Quais outras dúvidas você tem sobre saúde sexual das lésbicas? Aqui, seu questionamento é muito importante. Envie suas dúvidas para montarmos mais uma sessão de respostas como essa!