Descolamento prematuro de placenta: saiba o que é e como evitar

por Feito para Ela

Conheça os fatores de risco para a condição e a hora certa de procurar ajuda médica.

Por Letícia Martins, jornalista com foco em saúde

Assim que descobre que há um bebê a caminho, a mulher se prepara com o pré-natal, decoração do quarto, enxoval e itens para o mais novo membro da família. Mas é fundamental que as novas gestantes também se informem sobre possíveis problemas que podem surgir durante a gravidez, como o descolamento da placenta, para saber como se prevenir ou quando é o momento de procurar ajuda médica.

“O descolamento prematuro da placenta é quando a placenta se desprende, total ou parcialmente, da parede do útero antes do parto, o que pode comprometer o fornecimento de oxigênio e nutrientes para o bebê e causar hemorragia materna”, explica a ginecologista obstetra Dra. Edimárlei Gonsales Valério, membro da Comissão Nacional Especializada (CNE) de Urgências Obstétricas da FEBRASGO e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Muitas vezes, não é possível identificar a causa do descolamento da placenta. Porém, existem fatores que estão diretamente relacionados a esta condição grave, como:

  • Histórico de descolamento prematuro de placenta em gestação anterior;
  • Hipertensão, seja presente antes da gestação ou a que surge durante a gravidez;
  • Tabagismo e/ou uso de drogas;
  • Idade materna avançada, com gestação após os 35 anos, e principalmente após os 40 anos;
  • Traumatismo abdominal, como um acidente de carro ou queda.

Sinais de descolamento da placenta

Embora o descolamento prematuro da placenta não possa ser percebido pela gestante, em geral há sinais e sintomas que a mulher pode se atentar, como o sangramento vaginal.

“O sangramento vaginal pode ser pequeno, moderado ou grave, de acordo com o grau de descolamento da placenta. Porém, em torno de 20% dos casos, o sangue não se exterioriza e fica retido dentro do útero, o que pode levar a um atraso na procura de assistência pela gestante”, expõe a médica, que também é preceptora do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

Ela acrescenta que a paciente também pode apresentar dor no abdômen e/ou nas costas, de intensidade variada, podendo ser intensa. “O surgimento de contrações é outro sintoma frequente. Quando a contratura do músculo uterino permanece, o útero fica com uma consistência dura (tônus aumentado). É possível ocorrer ainda diminuição ou parada dos movimentos do bebê, pela falta de oxigênio”.

Ao surgirem um ou mais destes sintomas, a gestante deve procurar o hospital imediatamente e ser atendida em caráter de urgência. “Quanto mais cedo a condição for identificada e tratada, melhor será o desfecho para mãe e bebê”, afirma a Dra. Edimárlei.

Diagnóstico e riscos

Ao chegar no hospital, é realizado um diagnóstico com base nos sinais indicados pela mãe e no exame físico da gestante. No exame, o médico pode identificar a saída de sangue de dentro do útero, aumento do tônus uterino, contrações e alterações dos batimentos do bebê.

“Nenhum exame complementar é necessário para o diagnóstico e a tomada de conduta deve ser imediata. Os batimentos do bebê sempre são ouvidos para se saber o quanto do descolamento comprometeu o recebimento de oxigênio pelo bebê. Quanto maior a área de descolamento, maior o risco para o bebê e para a mãe”, conta a médica.

Entre os riscos para a mãe estão a hemorragia, a necessidade de transfusão de sangue e alterações da coagulação do sangue. Em casos graves, pode ser necessário retirar o útero (histerectomia) para controlar o sangramento, caso contrário, a situação pode evoluir para choque (condição em que o corpo não consegue manter suas funções vitais) e até a morte. As complicações para o bebê também são graves, podendo chegar ao óbito.

Cuidados importantes

Para evitar o descolamento prematuro da placenta, a gestante pode tomar algumas medidas de precaução, como monitorar a pressão arterial para mantê-la sob controle, não usar nenhum tipo de drogas lícitas ou ilícitas, evitar atividades que possam causar quedas ou traumas (inclusive alguns esportes de contato) e, principalmente, fazer o acompanhamento pré-natal, permitindo que o médico identifique precocemente alterações.

Caso haja a confirmação do descolamento prematuro da placenta, uma cesariana de emergência é realizada. “Isso é feito para que o bebê nasça o mais rápido possível, evitando complicações maiores e mesmo a morte do bebê, em função da interrupção do fluxo de oxigênio”, explica a profissional. Porém, nos casos em que a gestante se apresenta já com o bebê sem vitalidade (óbito fetal) e o sangramento não for grave, pode-se tentar parto vaginal.

Esclarecendo alguns mitos

Mesmo o descolamento de placenta sendo algo grave, é importante lembrar que existem alguns mitos sobre o assunto. Por exemplo, é mentira que quem sofreu descolamento uma vez não pode engravidar novamente. Uma nova gestação só não é possível se houve a retirada do útero para conter uma hemorragia.

Além disso, é mito dizer que a causa do deslocamento da placenta é culpa da mulher, e que ela deveria ter evitado a situação. “A maioria dos casos de descolamento prematuro de placenta não tem relação direta com o comportamento da gestante e suas atividades diárias”, esclarece a Dra. Edimárlei Gonsales Valério.

Não há uma maneira garantida de prevenir o problema, já que ele pode estar relacionado a fatores fora do controle da mulher, mas é importante seguir as recomendações médicas e procurar ajuda a qualquer sinal de anormalidade.

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