Coqueluche: número de casos aumenta mais de 30 vezes em 2024

por Feito para Ela

Mulheres que planejam engravidar, gestantes e lactantes precisam se vacinar contra essa infecção respiratória, importante causa de mortalidade infantil.

Por Letícia Martins, jornalista com foco em saúde

O número de casos da coqueluche, doença respiratória transmissível popularmente conhecida como tosse comprida, saltou de 214 em 2023 para 6.504 em 2024 no Brasil, ou seja, houve aumento de mais de 30 vezes de um ano para outro, segundo dados do Ministério da Saúde. Embora exista vacina contra a doença, ela é reconhecida como importante causa de mortalidade infantil.

Causada pela bactéria Bordetella pertussis, a coqueluche pode atingir pessoas de todas as idades e seus sintomas variam desde corrimento nasal, febre e uma tosse seca e prolongada (daí o nome popular) até crises súbitas e rápidas de tosse com vômitos. Em crianças, especialmente as menores de seis meses, as complicações tendem a ser mais graves e podem incluir infecções de ouvido, pneumonia, parada respiratória, convulsão e lesão cerebral.

Se a coqueluche não for tratada adequadamente, pode ser fatal. “Em 2024, foram notificadas 29 mortes pela doença, incluindo bebês. Ainda estamos no início do ano de 2025, mas já temos notificação de cinco casos”, alerta a médica ginecologista obstetra Dra. Susana Cristina Aidé Viviani Fialho, presidente da Comissão Nacional Especializada (CNE) de Vacinas da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e professora associada da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Devido ao aumento de casos no último ano e à gravidade da doença, que é transmitida de uma pessoa infectada para outra não imunizada pelas vias respiratórias, a Febrasgo alerta toda a população, principalmente mulheres que pretendem engravidar, que estão grávidas ou amamentando (lactantes) para a importância de se imunizarem contra a coqueluche.

Público-alvo da vacina contra coqueluche

A vacina contra a coqueluche é a dTpa, que também protege contra outras duas doenças graves – a difteria e o tétano –, e está disponível no Sistema Único de Saúde para todas as crianças de até 6 anos, 11 meses e 29 dias, gestantes e puérperas até 45 dias pós-parto.

Mesmo as mulheres que já tiveram coqueluche devem ser imunizadas, uma vez que a proteção conferida pela infecção não é permanente.

A Dra. Susana ressalta que o público-alvo da vacina é, principalmente, as mulheres que estão na fase de planejamento da gravidez. “Mulheres que desejam engravidar devem verificar se possuem o esquema vacinal completo de três doses de vacina contendo o componente tetânico. No caso de esquema incompleto, é preciso fazer uma dose de dTpa a qualquer momento e completar a vacinação básica com dT (dupla bacteriana do tipo adulto), de forma a totalizar três doses de vacina contendo o componente tetânico”.

Ela explica que, além da proteção individual, o uso da vacina dTpa, em substituição à dT, tem como objetivo reduzir a transmissão da bactéria Bordetella pertussis, sobretudo para pessoas suscetíveis com alto risco de complicações, como as lactantes.

Gestantes também devem se vacinar

Mulheres grávidas também precisam se vacinar, do contrário, elas se tornam a principal via de transmissão da doença para o seu bebê.

“A vacina dTpa é recomendada a partir da 20ª semana de gravidez, pois, além de proteger a gestante e evitar que ela transmita a bactéria ao recém-nascido, também permite a transferência de anticorpos ao feto, protegendo-o nos primeiros meses de vida até que possa ser imunizado”, ressalta a Dra. Susana.

A ginecologista destaca que a vacina contra a coqueluche deve ser tomada a cada gravidez. “Com isso, cada bebê nasce com anticorpos adquiridos com a vacinação materna, que podem protegê-los nos primeiros meses de vida, até que completem o seu esquema vacinal primário”.

A médica também assegura: “As vacinas recomendadas para gestantes são inativadas, ou seja, são usados somente partes dos agentes etiológicos já mortos e não apresentam riscos de causar infecção na gestante e no bebê”.

Lactantes

Mulheres que estão amamentam e não foram vacinadas na gestação devem ser imunizadas no puerpério (até 45 dias após o parto) o mais precocemente possível.

Efeitos colaterais e contraindicações da vacina dTpa

Dra. Susana esclarece que as gestantes e lactantes não precisam ter medo das reações do imunizante. “Assim como outras vacinas, a dTpa pode causar alguns efeitos colaterais, mas que são leves, como dor, calor, vermelhidão, inchaço e nódulo. Em alguns casos sistêmicos, como febre, sonolência e irritabilidade”, cita a médica.

Entretanto, há contraindicações para pessoas com febre, que devem aguardar o restabelecimento da saúde, pessoas que apresentam anafilaxia ou sintomas neurológicos causados por algum componente da vacina ou após administração de dose anterior. Nesses casos, não devem fazer novas doses.

Em caso de dúvida, consulte o médico, mas jamais deixe de se imunizar e aumentar a proteção contra essa infecção que infelizmente voltou a atingir a população.

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