Febrasgo recomenda iniciar o rastreamento da doença a partir dos 40 anos de idade.
Por Letícia Martins, jornalista com foco em saúde
Mais de 73 mil novos diagnósticos de câncer de mama foram estimados em 2023 no Brasil, sendo essa a principal causa de morte por câncer na população feminina, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). O número de casos é maior em mulheres com mais de 50 anos, mas a incidência em faixa etária mais jovem vem crescendo nos últimos anos, o que aumenta também a necessidade de alertar a população em geral sobre a importância de rastrear e diagnosticar precocemente a doença.
Para isso, o exame mais indicado é a mamografia, feito com o mamógrafo, um aparelho de radiografia que consegue detectar lesões e tumores nas mamas que não seriam notados visualmente e nem pela palpação.
Há muitos benefícios em se fazer a mamografia regularmente. Quando o câncer de mama é descoberto em estágio inicial, as chances de cura podem ultrapassar 90%, o tratamento tende a ser menos agressivo e a taxa de mastectomia (cirurgia para retirada da mama) diminui.
A partir de que idade a mulher deve fazer a mamografia?
A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) recomendam que a mamografia seja feita anualmente por todas as mulheres assintomáticas a partir dos 40 anos e até os 74 anos. Acima desta idade, o médico deve avaliar os casos individualmente.
O vice-presidente da Comissão Nacional Especializada (CNE) de Mastologia da Febrasgo, Dr. Felipe Zerwes, explica que não há uma recomendação para rastreamento com exames de imagem (mamografia ou ultrassonografia mamária) em mulheres abaixo dos 40 anos, a menos que elas apresentem sintomas ou suspeitas da doença. “Pacientes com risco aumentado, como aquelas com histórico familiar de câncer de mama, podem iniciar o rastreamento mais cedo”, afirma.
Segundo o especialista, mulheres com mamas densas necessitam de uma atenção especial, pois apresentam um leve aumento no risco de câncer de mama. “Nesses casos, a mamografia deve ser complementada pela ultrassonografia mamária, e em situações específicas, a ressonância magnética mamária pode ser considerada”, ressalta o Dr. Felipe.
Rastreamento x diagnóstico
Basicamente, há dois tipos de mamografia: a mamografia de rastreio, que é o exame de rotina em mulheres assintomáticas, ou seja, aquelas que não apresentam nenhum sinal ou sintoma da doença. O recomendado é fazer este exame a partir dos 40 anos, como citado anteriormente.
Já a mamografia diagnóstica é indicada para mulheres com sintomas ou suspeita de câncer de mama, e envolve investigações mais aprofundadas para confirmar a presença da doença.
“Infelizmente, no Brasil, 40% dos tumores são visíveis. Essa paciente não pode, em hipótese alguma, esperar para fazer uma mamografia como se estivesse aguardando um exame de rastreamento. Ela precisa de um diagnóstico rápido para começar a tratar rapidamente o câncer. É um caso de urgência”, explica o Dr. Eduardo Carvalho Pessoa, presidente da CNE de Imaginologia Mamária da Febrasgo (gestão 2020-2023).
Nesse caso, a expressão “mamografia diagnóstica” deve constar no pedido de solicitação do exame da paciente. É um ponto crucial para o médico que está avaliando a mamografia saber se ela é feita no cenário de rastreamento ou de diagnóstico e assim possa contribuir de forma mais precisa com a investigação diagnóstica.
Cuidados com a saúde em geral
Dr. Felipe ressalta ainda a importância da adoção de um estilo de vida saudável para diminuir a incidência de câncer de mama e reduzir o risco de outros tumores e doenças como diabetes, obesidade, hipertensão, depressão, entre outras. “Quanto antes começarmos a realizar exercícios físicos, adotarmos uma alimentação adequada, pararmos de fumar ou de beber em excesso, melhor”, esclareceu o médico.