Considerado um alimento de ouro, o leite materno oferece vários benefícios tanto para o bebê quanto para a mãe.
Por Letícia Martins, jornalista especializada em saúde
O leite materno é o melhor e mais nutritivo alimento que o recém-nascido pode receber. Ele é tão completo que os especialistas e a Organização Mundial de Saúde recomendam alimentar os bebês exclusivamente com o leite materno nos primeiros seis meses de vida. Após este período, outros alimentos podem ser introduzidos, mas também é indicado continuar amamentando a criança se possível até os dois anos de idade.
A lista de benefícios do leite materno para a criança e as mães é longa. Para começo de conversa, a ginecologista obstetra Dra. Silvia Regina Piza, presidente da Comissão Nacional Especializada (CNE) em Aleitamento Materno da FEBRASGO, destaca: “O leite materno garante melhores condições de saúde para o recém-nascido, minimizando os riscos iniciais de complicações e doenças mais comuns nessa fase, e com repercussões positivas na saúde ao longo da vida”.
A seguir, Dra. Silvia e outros especialistas membros da CNE de Aleitamento Materno* destacam 10 fatos importantes sobre o leite materno que todas as mães e familiares devem saber.
1- Protege contra infecções gastrointestinais
Uma das grandes vantagens do leite materno para recém-nascidos é prevenir doenças infecciosas, principalmente a diarreia, que pode levar ao óbito por desidratação, e infecções respiratórias, como pneumonias. “Por desempenhar uma função protetora, consideramos o leite materno como sendo a primeira vacina que o bebê recebe”, compara o ginecologista e obstetra Dr. Coríntio Mariani Neto, membro da CNE de Aleitamento Materno.
2 – É fonte poderosa de energia e nutrientes
O leite materno fornece a quantidade ideal de energia e nutrientes para crianças de 6 a 23 meses, além de ser rico em imunoglobulinas, anticorpos e várias proteínas, lipídeos e carboidratos adequados para nutrição do recém-nascido. “Em termos de doenças infecciosas, as pesquisas mostram que a mortalidade no segundo ano de vida, em países e áreas pobres, é cerca de 30% maior em crianças não amamentadas do que entre aquelas que continuam a receber o leite materno. A amamentação também reduz infecções e hospitalizações no segundo ano de vida, sem falar em seu efeito protetor para a má-oclusão dentária”, esclarece a médica pediatra e neonatologista Dra. Maria José Guardia Mattar, também membro da CNE de Aleitamento Materno da Febrasgo.
3- Reduz o risco de doenças crônicas, como diabetes
A longo prazo, a amamentação protege contra doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), reduzindo o risco de a criança desenvolver obesidade, diabetes tipos 1 e 2, hipertensão, doença de Crohn e linfomas, entre outras morbidades, por exemplo.
4- Faz parte do calendário mundial de saúde
No dia 19 de maio, foi instituído o Dia Nacional e Mundial da Doação de Leite, que visa aumentar os estoques de Banco de Leite Humano em todo o país. Bebês prematuros e desnutridos muitas vezes precisam de leite que a mãe não consegue oferecer. Seja pela baixa produção ou pelo baixo valor energético. Nesses casos, é preciso recorrer ao Banco de Leite Humano.
5- Toda mulher que amamenta é uma possível doadora de leite humano
Para doar leite humano, basta ser saudável e não tomar nenhum medicamento que interfira na amamentação. A mulher interessada em ser doadora deve entrar em contato com o Banco de Leite Humano mais próximo para receber as orientações necessárias, realizar a triagem e fazer o cadastro. Clique aqui para localizar
6- Tem um mês inteiro dedicado ao aleitamento materno
Em agosto, as campanhas visam incentivar a amamentação materna, principalmente nos seis primeiros meses de vida e ressaltam os benefícios do leite materno, considerado um alimento outo. Por isso, o mês é chamado de Agosto Dourado.
As campanhas são realizadas anualmente e é fundamental que continuem acontecendo inclusive ao longo do ano, pois, ressalta a Dra. Silvia, o Brasil ainda não atingiu a meta da OMS para 2030 de ter pelo menos 70% dos bebês alimentados exclusivamente com leite materno nos primeiros seis meses de vida deles. “No geral, as mulheres têm vontade de amamentar, mas enfrentam muitas barreiras, como insegurança, dúvidas sobre as técnicas certas, falta de apoio no dia a dia, entre outras. Por isso, acredito que a conscientização sobre a importância do aleitamento materno para a saúde e o desenvolvimento da criança deve ser de toda a sociedade, não somente da mulher”, declara a Dra. Silvia.
7- Diminui o número de mortes de bebês
O início precoce do aleitamento materno, dentro da primeira hora após o nascimento, protege o recém-nascido de adquirir infecções e reduz a mortalidade neonatal. “Diversas revisões da literatura demonstram que há uma importante redução da mortalidade e da morbidade, ou seja, diminuição de doenças e de mortes em crianças que recebem o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de vida”, afirma a Dra. Mônica Fairbanks de Barros, membro da CNE de Aleitamento Materno.
8- Não existe leite fraco
Aquela ideia de que o leite de algumas mulheres é fraco não confere. A Dra. Silvia explica que o leite materno contém diversos nutrientes essenciais à primeira infância, entre eles vitaminas A e B12, ácido fólico e ferro. “Toda essa composição nutricional é transferida para o recém-nascido, auxiliando no desenvolvimento dele e na imunidade.” Para a garantia de um leite com quantidade adequada de nutrientes, é importante fazer a suplementação apropriada da lactente.
9- Oferece benefícios para a mãe
A mulher que amamenta também ganha, pois o aleitamento diminui as complicações no pós-parto. “A mãe sangra menos após o parto, principalmente se começar a amamentar imediatamente depois de dar à luz. Além disso, amamentar ajuda a recuperar o peso mais rápido, tem efeito anticoncepcional nos primeiros seis meses e diminui a ocorrência de diabetes, câncer de mama, de ovário e de útero e de fraturas ósseas por osteoporose”, lista o Dr. Coríntio.
10- Além de saudável e completo, é um alimento acessível
Em um cenário nacional de insegurança alimentar, agravada pela pandemia de COVID-19, a amamentação também vale mais do que ouro – ela é a garantia de alimentação segura, adequada e barata para milhares de crianças. “Sem dúvida nenhuma, o aleitamento materno é uma medida eficaz, econômica, saudável e autossustentável de alimentação. Mesmo aquela mulher que vive numa situação de vulnerabilidade tem capacidade de amamentar e de oferecer uma nutrição adequada para seu filho”, afirma a Dra. Silvia. Para completar os benefícios, cabe destacar que o ato natural de amamentar ainda cria e reforça o vínculo emocional e afetivo entre mãe e filho, “produzindo seres humanos mais estáveis emocionalmente”, finaliza a obstetra.
*Os médicos citados nesta matéria participaram inicialmente da entrevista para a revista FEMINA, de agosto de 2022, produzida pela FEBRASGO.
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