Usar preservativo durante as relações sexuais e fazer o teste antes de engravidar são medidas de prevenção contra essa doença e evita a passagem da doença para o filho ainda no útero, podendo causar sífilis congênita e até sua morte.
Por Letícia Martins, jornalista especializada em saúde
O 3º sábado do mês de outubro foi instituído como Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre a importância do diagnóstico e do tratamento adequados dessa infecção.
A sífilis é uma doença infectocontagiosa, sexualmente transmissível, que em adultos pode levar à morte se não for tratada a tempo ou adequadamente. Ela é especialmente perigosa se a mulher infectada engravidar ou pegar a infecção durante a gravidez.
Apesar de ter diagnóstico fácil, tratamento efetivo e cura, a falta de conhecimento sobre a sífilis faz com que ela se torne uma doença pouco conhecida e não desperte nenhum temor por grande parte da população. Com isso, os casos só aumentam! Entre janeiro e junho de 2022, o Brasil registrou 122 mil novos casos, 79,5 mil casos de sífilis adquirida em adultos não gestantes, 31 mil casos em gestantes e 12 mil ocorrências da sífilis congênita.
Causas e diagnóstico
A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum e pode ser transmitida das seguintes formas:
- Por meio de relações sexuais desprotegidas com pessoa infectada,
- Da mãe para o filho em qualquer fase da gravidez e da doença (sífilis congênita),
- Por contato com sangue contaminado (hoje muito rara em decorrência dos cuidados com o sangue transfundido).
O diagnóstico de sífilis pode ser realizado por meio de várias técnicas de laboratório, dentre elas os testes rápidos, disponíveis nos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) e que ficam prontos em poucos minutos.
Sinais e sintomas da sífilis
“Uma pessoa pode ter sífilis e não apresentar nenhum sintoma inicialmente. Por isso é fundamental usar preservativo durante as relações sexuais e, caso a infecção seja detectada, tratá-la adequadamente”, declarou o ginecologista e obstetra Dr. Geraldo Duarte, presidente da Comissão Nacional Especializada (CNE) em Doenças Infectocontagiosas da FEBRASGO e professor titular do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP).
Se a mulher é gestante, a preocupação é muito maior, pois neste caso existe o risco de a doença passar ainda para o útero. Dr. Geraldo acrescenta que o acompanhamento das gestantes e seus parceiros sexuais durante o pré-natal também é importante para prevenir a sífilis congênita, que pode causar aborto, malformação e até morte fetal.
Os sintomas variam dependendo do tempo da infecção. O ginecologista explica que, em alguns estágios da doença, ela desaparece mesmo sem tratamento, gerando uma falsa impressão de cura. Vejamos:
- Sífilis primária: chamada de cancro duro, esta lesão é indolor e aparece em média de 3 a 4 semanas após o contágio. A ferida (normalmente uma só) ocorre no local de entrada da bactéria (vulva, vagina, colo uterino, ânus, pênis, boca ou outros locais da pele). Geralmente não causa dor nem ardência e desaparece sozinha, mesmo sem tratamento. Porém, isso não significa que a IST foi curada.
- Sífilis secundária: os primeiros sinais aparecem entre seis e sete semanas após a infecção e, em média, 3 semanas depois da cicatrização da ferida inicial. Podem surgir manchas no corpo, que geralmente não coçam, incluindo descamação das palmas das mãos e plantas dos pés.As manchas desaparecem em algumas semanas, independentemente de tratamento. No entanto, também não significa cura!
- Sífilis latente: também conhecida como fase assintomática, pois não apresenta qualquer sintoma. Esta fase é interrompida quando alguma manifestação clínica aparece.
- Sífilis terciária: surge em tempo variável, podendo levara até 40 anos para se manifestar. Normalmente apresenta lesões na pele e nos ossos e pode comprometer a saúde cardiovascular e neurológica, colocando a vida da pessoa em risco.
Sífilis é uma doença perigosa, que pode levar à morte ou causar sérios danos à saúde do portador, da gestante e do bebê. Mas com o diagnóstico, o acompanhamento e o tratamento adequados, é possível curar a doença.
Tratamento e prevenção
A sífilis é tratada com antibióticos, preferencialmente penicilina benzatina, disponível nas unidades básicas de saúde do SUS.
O paciente deve ser acompanhado com exames clínicos e laboratoriais para avaliar a evolução da doença e a efetividade do tratamento. Os mesmos cuidados devem ser estendidos aos parceiros sexuais para que não haja reinfecção.
A sífilis tem cura, mas a prevenção é a melhor escolha. Por isso, o recomendado é:
- Usar camisinha em todas as relações sexuais (anal, vaginal e oral). Essa é a maneira mais segura de prevenir a doença,
- Mulheres que planejam engravidar devem fazer o teste antes para verificar se são portadoras de sífilis e, em caso afirmativo, tratar a IST imediatamente, antes de engravidar.
Não deixe a sífilis contaminar o seu futuro e de quem você ama. Compartilhe estas informações!
Referência:
O que é sífilis. Ministério da Saúde.
Dia Nacional de Combate à Sífilis: 31 mil gestantes brasileiras foram diagnosticadas com a doença no último ano.