Planejamento da gravidez e uso de progesterona são algumas das medidas preventivas.
Por Letícia Martins, jornalista especializada em saúde
Prematuridade. Uma palavra que assusta muitas mulheres que pretendem engravidar ou estão gestantes. No Brasil, ela é considerada um problema de saúde pública, tendo sido registrados em torno de 340 mil nascimentos prematuros, quase seis casos a cada dez minutos. O bebê prematuro é aquele que nasceu antes de completar as 37 semanas. Ele requer cuidados específicos, pois corre maior risco de mortalidade e de desenvolver vários problemas de saúde do que os nascidos no tempo adequado, como insuficiência respiratória, complicações cardiovasculares e hipoglicemia ou hiperglicemia.
Diversos fatores contribuem para a prematuridade. Um dos mais relevantes é a mulher já ter tido um parto prematuro anteriormente ou ter feito uma cirurgia de colo de útero. “Além disso, mulheres que passaram por curetagens e dilatações têm maior risco de parto prematuro, pois esses procedimentos podem danificar as fibras musculares do colo uterino. Outros fatores relacionados a alterações uterinas, como malformações, também podem influenciar, já que reduzem o espaço na cavidade do útero”, explica a ginecologista Dra. Marianna Facchinetti Brock, membro da Comissão Nacional Especializada (CNE) de Assistência ao Pré-Natal da Febrasgo e professora adjunta da Universidade do Estado do Amazonas.
Nessa ampla lista também estão incluídas mulheres que engravidaram antes dos 17 ou depois dos 35 anos; com peso corporal abaixo de 50 kg e estado nutricional precário; que fizeram fertilização in vitro ou que tenham gravidez múltipla. “Outro fator a ser considerado é o intervalo curto entre gestações, bem como aspectos sociais, como baixo poder socioeconômico, que dificultam o acesso a cuidados médicos adequados em algumas regiões do Brasil”, aponta a ginecologista.
Ela destaca ainda que infecções, muitas delas silenciosas, também podem predispor à prematuridade do parto, como vaginose bacteriana, tricomoníase, sífilis e infecções do trato urinário, assim como aspectos comportamentais, como o hábito de fumar, de consumir álcool e de usar drogas.
Medidas de prevenção do parto prematuro
Planejar a gravidez é um passo fundamental para reduzir o risco de prematuridade. O ideal é que a mulher busque por orientação médica antes de engravidar, para que possa fazer uma avaliação clínica, laboratorial e de imagem e verificar se está tudo bem com a sua saúde ou se precisa fazer algum ajuste, como tratar alguma infecção, por exemplo. Adotar um estilo de vida saudável também é importante para todas as mulheres, especialmente para as candidatas à gestação.
Uma vez grávida, a mulher deve fazer o acompanhamento pré-natal com o médico obstetra e ser avaliada quanto aos fatores de risco de parto prematuro. Segundo a Dra. Marianna, entre a 20ª e a 24ª semanas de gestação é recomendado fazer o ultrassom com medida do colo uterino. “Se o colo do útero medir menos que 25 mm, essa paciente corre o risco de ter um parto prematuro e as medidas preventivas devem ser tomadas de acordo com a causa”, orienta a médica.
Ela acrescenta que, para gestante com histórico prévio de prematuridade, a utilização de medicamentos com progesterona por via vaginal e cerclagem uterina são as medidas mais embasadas na literatura. A cerclagem uterina é uma sutura que o obstetra coloca ao redor do colo do útero para reforçar sua estrutura e impedir que ele se dilate prematuramente. “Escolher uma boa maternidade com UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal também é importante para evitar as complicações causadas da prematuridade”, finaliza a Dra. Marianna.
Leia mais:
Prematuridade no parto. Revista Feito Para Ela, páginas 20 a 24.