O contato com um médico especialista vai muito além do exame e incluem orientações sobre higiene, contracepção e prevenção de infecções.
Por Letícia Martins, jornalista com foco em saúde
Diferentemente do que muitas pessoas acreditam, a primeira consulta de uma menina com o médico ginecologista não precisa acontecer apenas após a menarca (primeira menstruação). O período conhecido como puberdade se inicia a partir dos nove anos de idade, com o aparecimento de sintomas, como o crescimento dos brotos mamários (mamas) e de pelos nas axilas e na região da vulva (genitália externa), chamados de caracteres sexuais secundários.
Essas transformações marcam uma nova etapa na vida da menina e para que ela possa dar esse passo com confiança, é importante que suas dúvidas sobre o corpo feminino, a sexualidade e outros assuntos afins sejam esclarecidas. Por isso, a consulta com o ginecologista é fundamental.
A Dra. Rosana Reis, presidente da Comissão Nacional Especializada (CNE) em Ginecologia Infantopuberal da Febrasgo, explica que não precisa existir tabu em volta da consulta médica.
“A primeira visita da menina ao ginecologista é muito importante para que o especialista possa verificar se os caracteres sexuais secundários dela estão bem desenvolvidos e para orientá-la sobre cuidados gerais, por exemplo, em relação à higiene pessoal, às mudanças que estão ocorrendo no corpo dela, os métodos de contracepção, entre outros assuntos”, revela a Dra. Rosana, que acrescenta: “Se a menina não tiver nenhuma queixa e se nunca teve relação sexual, nenhum exame ginecológico precisa ser realizado”.
Na matéria “Desvendando os segredos da primeira consulta ginecológica”, a vice-presidente da CNE de Infantopuberal da Febrasgo, Dra. Marta Rehme, esclarece 08 dúvidas comuns sobre a primeira ida da adolescente ao ginecologista e como tornar esse momento um marco positivo para ela. Clique aqui para ler.
Menarca e início da vida sexual
Caso a primeira consulta seja realizada após a menarca, o ginecologista também orientará sobre a cólica menstrual (dismenorreia) e o tipo de tratamento se necessário.
Na anamnese, isto é, na conversa com a adolescente, o especialista irá perguntar sobre sintomas pré-menstruais que alteram o humor, se o ciclo menstrual está regular, se não há outros distúrbios etc. “Avaliamos a adolescente e explicamos quais são os cuidados que ela pode ter durante o período menstrual para se sentir bem”, afirma a Dra. Rosana.
Um mito que precisa ser derrubado em relação às visitas ao ginecologista é o de que só vai à consulta quem já tem relação sexual. “Precisamos orientar as meninas desde o começo da puberdade. Isso não significa que ela já vai ter um parceiro e que terão relações sexuais, mas é necessário ensinar os cuidados básicos também neste assunto, como orientações práticas, como evitar gravidez e infecções sexualmente transmissíveis”, orienta.
“Essas consultas iniciais são muito saudáveis. Dizer que vai ao ginecologista não significa que a menina está tendo relação sexual, pelo contrário! É para ensiná-la a ter bons cuidados consigo mesma”, finaliza a profissional.