A vacinação é recomendada a partir dos 9 anos e preferencialmente antes do início da vida sexual e agora está disponível em dose única.
Por Letícia Martins, jornalista com foco em saúde
Como está a sua vida sexual? Se ativa, você se protege sempre, em todas as relações sexuais? Desculpe-me, sei que essa não é uma forma usual de começar uma conversa, principalmente entre pessoas desconhecidas. Mas eu tenho lido tanto sobre um vírus muito prevalente na população que seria egoísmo da minha parte não alertar você, querida leitora, sobre os riscos que ele pode causar à saúde. Estou me referindo ao HPV, sigla em inglês de Human Papiloma Virus ou para Papilomavírus Humano.
O HPV pode causar lesões no organismo que, se não tratadas, podem evoluir com o passar dos anos, dando origem ao câncer de colo de útero, uma das doenças que mais mata mulheres em todo o mundo.
Apesar disso, o HPV não é tão temido quanto deveria por alguns motivos: primeiro porque na maioria das vezes não apresenta sinais e sintomas visíveis, não provoca dor e sequer incomoda. “Por geralmente não apresentar sintomas, o HPV é tão perigoso e difícil de ser descoberto. O diagnóstico é, em grande parte das vezes, tardio, o que complica o tratamento. Por isso, precisamos reforçar para toda a sociedade, mas principalmente para as mulheres, a importância da prevenção do HPV”, afirma o ginecologista Dr. Agnaldo Lopes, diretor científico da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
Em segundo lugar, muitas pessoas convivem com o HPV e não desenvolvem nenhuma doença e, em terceiro, porque muita gente ainda não sabe o que é e como se transmite o HPV. Há casos em que o HPV pode causar lesões aparentes, como verrugas na região genital, anal e na boca, mas nem sempre a pessoa relaciona esse problema a uma infecção grave e demora para procurar atendimento médico.
Como o HPV é transmitido?
A infecção é transmitida principalmente por relações sexuais sem o uso de preservativo. E engana-se quem acha que a transmissão pode ocorrer somente quando há penetração. Se uma pessoa fizer sexo oral em alguém infectado por HPV, ela pode contrair o vírus e desenvolver lesões na boca, que se parecem com verrugas.
Além disso, o HPV também pode ser transmitido para o bebê no momento do parto.
Existe alguma vacina disponível para prevenir o HPV e, consequentemente, o câncer de colo de útero?
Sim! A vacina é recomendada para meninas e meninos na adolescência, dos 9 aos 14 anos e está disponível no Sistema Público de Saúde (SUS) em dose única para esse público. Ela também pode ser administrada até os 26 anos para mulheres e até os 21 anos para homens. O Ministério da Saúde recomenda imunizar, preferencialmente, entre 9 e 14 anos e antes do início da vida sexual.
Conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), ao atingir a meta global para a vacinação contra o HPV, é possível diminuir o número de casos câncer colo de útero em 89%, evitando 60 milhões de casos no próximo século.
O plano da OMS é erradicar o câncer de colo do útero até 2030 e, para isso, tem aplicado quatro estratégias:
1) Melhorar a organização e a governança do Programa de Câncer de Colo do útero nos países, dos sistemas de informação e dos registros de câncer;
2) Fortalecer a prevenção primária por meio de informação, educação e vacinação contra HPV;
3) Melhorar o rastreamento do câncer de colo do útero; e
4) Fazer o tratamento das lesões precursoras.
Quais são os fatores de risco para contrair HPV?
Os fatores de risco para contrair o HPV são vários, mas destacamos os principais: baixa imunidade, histórico de múltiplos parceiros sexuais, início precoce da vida sexual e não usar preservativo durante o sexo. Fazer os exames de rotina preventivos, como o Papanicolau, não previne a contaminação do HPV, mas ajuda a detectar precocemente lesões e iniciar o tratamento o quanto antes, evitando o câncer de colo de útero.
Como é feito o diagnóstico precoce do HPV?
A primeira medida a ser tomada é a realização de um teste de HPV. Para sanar a dúvida oncológica, podem ser feitos os exames de Papanicolau, colposcopia e biópsia.
Então, agora que você entendeu um pouco da dinâmica entre essas duas doenças, fique esperta e proteja-se! Vacine-se e não abra mão da camisinha, por mais emocionante que o momento esteja!