Inseminação artificial caseira e a falta de anonimato na doação de sêmen

por Feito para Ela

Além do risco para a saúde, há algumas questões importantes sobre paternidade que as mulheres precisam saber antes de decidir pelo procedimento.

Por Letícia Martins, jornalista com foco em saúde

O desejo de ser mãe é um dos mais profundos e universais sonhos que uma mulher pode ter. Com o avanço das técnicas de reprodução assistida, muitas estão optando pela inseminação artificial como uma alternativa viável para realização desse objetivo. No entanto, a busca pela maternidade pode esbarrar em desafios significativos, especialmente quando a escolha recai sobre inseminações caseiras, isto é, aquelas feitas em qualquer ambiente que não seja uma clínica médica legalmente autorizada.

Além de envolver riscos à saúde física da mulher e do bebê, a inseminação caseira apresenta complexidades legais importantes que poderão impactar a vida da família. “Na maioria dos casos, o doador de sêmen é um amigo ou alguém próximo da mulher. Assim, corre-se risco de, no futuro, tanto a criança quanto o doador solicitar a paternidade”, alerta a ginecologista Dra. Natalia Ivet Zavattiero Tierno, especialista em Reprodução Assistida e membro da Comissão Nacional Especializada (CNE) de Reprodução Assistida da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

Ela destaca que essa situação pode colocar em risco até a saúde psicológica da criança, uma vez que ela foi criada em uma concepção de família e, de repente, pode aparecer um ‘novo pai’, causando transtorno no núcleo familiar.

Por outro lado, quando a inseminação é feita em uma clínica médica, o sêmen é sempre de um doador anônimo. “Além da preservação do anonimato do doador, a paciente recebe um documento oficial, assinado pelo responsável técnico, que permitirá o registro da criança. Para casais homoafetivos, é possível registrar a criança em nome de ambas as mães, algo que só pode ser concretizado através de uma clínica de reprodução assistida, garantido assim um acompanhamento legal e seguro para todos os envolvidos”, esclarece a Dra. Natalia.

Atenção ao optar pela inseminação artificial

O sonho de ser mãe pode não sair da mente de uma mulher ou de um casal e, em certas situações, a inseminação artificial aparece como a melhor opção. Mas é importante que se tenha em mente alguns cuidados, como a segurança, seja em relação a infecções, doenças genéticas ou relacionada ao registro desse bebê. A Dra. Natalia analisa que, às vezes, o custo baixo de um procedimento feito em casa termina como aquele velho ditado: “o barato sai caro”, e pode custar muito mais do que dinheiro, mas a paz e a tranquilidade da família.

“Existem muitas clínicas de reprodução assistida no país, de altíssimo nível, com fiscalização da Anvisa e também em centros pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Minha principal mensagem para essas pacientes é: não se submetam aos riscos da inseminação caseira, pois as complicações podem ser graves e fazer o sonho se tornar um pesadelo”, finaliza a ginecologista.

Se você está cogitando a opção da inseminação artificial, procure informações confiáveis em sites éticos e que defendem a medicina, como o da Febrasgo, que reúne informações seguras sobre os mais diversos assuntos relacionados à saúde da mulher e que serve como uma porta para a paciente percorrer um caminho, sem medo, em direção a realização de um sonho – e, melhor ainda, com segurança.

Leia mais:

O sonho da maternidade versus os riscos da inseminação caseira

Inscreva-se para receber os conteúdos mais importantes sobre saúde da mulher, bem-estar, empreendedorismo, carreira e muito mais!