No Brasil, mais da metade dos nascimentos são feitos por cesárea, mas este tipo de parto deve ser indicado em casos específicos.
Por Letícia Martins, jornalista especializada em saúde
O momento de conhecer o rostinho do bebê é repleto de expectativas, afinal durante meses a mulher se preparou e sonhou com ele. Mas sempre fica aquela dúvida: que tipo de parto é o mais adequado?
Para responder a essa pergunta é fundamental levar em consideração diversos fatores, como o quadro de saúde da gestante, a posição do bebê no útero, as condições do ambiente onde o parto irá ocorrer, entre outros.
Mesmo com todos esses cuidados, o ginecologista obstetra Dr. Alberto Trapani Junior, presidente da Comissão Nacional Especializada (CNE) de Assistência ao Abortamento, Parto e Puerpério da FEBRASGO, explica que algumas situações durante o trabalho de parto também podem mudar os planos de última hora.
Por isso, é importante que uma equipe de saúde, coordenada pelo ginecologista obstetra, acompanhe o parto e que ele seja realizado em ambiente hospitalar seguro. Dr. Alberto enfatiza que “o médico obstetra é o profissional com capacitação para atuar em todo o processo de nascimento, que vai desde a concepção até o puerpério”, período que compreende o pós-parto até que o organismo da mulher volte às condições normais (antes de engravidar).
Ele também chama a atenção para outro cuidado indispensável: “Fazer o acompanhamento pré-natal de qualidade é importante e tranquilizador para a maior parte das gestantes e pode ajudar na decisão sobre o tipo de parto”.
Durante o pré-natal, o médico poderá:
- Diagnosticar e tratar intercorrências durante a gravidez, que podem evoluir para complicações no parto,
- Orientar a gestante sobre o momento adequado de procurar uma maternidade e os sinais de alerta,
- Esclarecer as vantagens e desvantagens das vias de parto.
Os dois tipos de parto mais comuns
No Brasil, o número de partos cesáreos é muito alto, sendo o segundo país com mais cesarianas no mundo, depois da República Dominicana. Porém, esse percentual de 56% de cesáreas por ano é considerado alto segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A cesariana é considerada um grande avanço da medicina e pode salvar vidas, mas ela deve ser realizada em casos específicos, como risco de morte para o bebê ou para a gestante; quando a mulher tem alguma infecção com HIV ou herpes, se o bebê estiver sentado ou com o cordão umbilical enrolado no pescoço.
Dr. Alberto Trapani aponta algumas possíveis complicações associadas aos partos cesáreos: “A infecção puerperal é mais frequente no parto por cesariana do que no parto normal. Ela tem origem no útero e acomete o aparelho genital após parto ou aborto recente. Podemos citar também o risco de hemorragias, lesões cirúrgicas e tromboembolismo venoso.”
Por ser uma cirurgia, o tempo de recuperação da cesárea também é maior. “Para a puérpera, o processo de recuperação do parto normal geralmente é mais rápido e com menor risco de complicações, quando comparado com o período puerperal do nascimento cirúrgico”, esclarece o Dr. Alberto.
Ele acrescenta: “A principal vantagem do parto normal para o recém-nascido é a redução dos riscos associados a uma prematuridade acidental e à ocorrência de transtornos no processo de adaptação respiratória”.
Seja qual for o tipo de parto, o recomendado é que ele seja o mais seguro possível para a mulher e o bebê e que a assistência médica seja baseada em comprovações científicas e respeito à mulher e à sua autonomia.