Uma dor em meio à alegria: como encarar uma traição durante a gravidez

por Feito para Ela

Descobrir um caso de infidelidade pode trazer impactos significativos para a saúde física e emocional da mulher. Especialista traz algumas dicas de como lidar com isso

Por Letícia Martins, jornalista com foco em saúde

Foto: Reprodução Instagram @iza

A gravidez é conhecida por ser, naturalmente, uma montanha-russa de emoções. As mudanças hormonais e os novos sentimentos tornam a gestação um verdadeiro desafio para a mulher. Descobrir uma traição do parceiro nessa fase pode ser ainda mais desafiador e trazer impactos para a saúde física e emocional.

E ninguém está imune a essa situação. Recentemente, a cantora Iza, grávida de 6 meses, veio a público revelar que foi traída pelo então marido Yuri Lima. Assim como ela, outras famosas já compartilharam ter vivido situação semelhante. Uma traição pode vir acompanhada de diversos novos sentimentos e sensações. Além, é claro, da culpa e das perguntas inevitáveis que a mente cisma em usar contra nós mesmas, como se estivesse pregando uma peça em si própria, como os famosos “será que é porque…?”.

Sarah Marcondes, psicóloga clínica sistêmica e especialista em famílias e casais, afirma que, do ponto de vista emocional e psicológico, a descoberta de uma traição durante a gestação pode trazer uma série de impactos significativos para a gestante. “A traição pode causar altos níveis de estresse e ansiedade, e afetar negativamente a saúde mental e física da gestante. Isso porque nós, seres humanos, às vezes somatizamos, ou seja, trazemos para o corpo os nossos sentimentos, como raiva, tristeza, desânimo, desesperança, ressentimento. Quando essas emoções se intensificam podem levar a um quadro depressivo”.

A profissional explica que o caso também pode interferir na autoestima e que, por consequência, a gestante pode se sentir rejeitada e desvalorizada. “A dor da traição pode levar a sentimentos intensos, como preocupação com o futuro, incertezas sobre relacionamentos, confiança, medo com relação à criação do filho. A mulher se pergunta se vai poder confiar numa pessoa futuramente e qual será o futuro da família, por exemplo. Ela também pode se isolar socialmente por um sentimento de vergonha e desconforto”, relata.

Para proteger a própria saúde e a do bebê, a mãe pode utilizar algumas estratégias. “Incentivamos a busca de suporte emocional com a rede de apoio, com amigos e com familiares. O psicoterapeuta pode ajudar a processar esses sentimentos e fortalecer emocionalmente a gestante. Em algum momento também pode haver a busca de um psiquiatra caso seja necessária uma intervenção medicamentosa, como no caso de excesso de depressão ou de ansiedade”, conta a psicóloga. “Fisicamente, sugerimos manter uma alimentação saudável e praticar exercícios leves com acompanhamento médico para garantir a qualidade do sono”.

Mas existem dicas também para trabalhar a mente. “A ideia é evitar situações de conflito, minimizar discussões e situações de estresse com o parceiro (ou ‘ex’) para ajudar a reduzir o impacto emocional. Eu costumo dizer que você não precisa ficar revisitando a situação, você pode minimizar essas discussões e trabalhar a elaboração dentro de você”, indica Sarah.

Para resguardo legal, a profissional também tem uma sugestão: “É essencial que essa mulher consulte um advogado para entender quais são os direitos e as opções disponíveis para proteger os interesses dela e os do bebê também”.

O que fazer?

Quando uma mulher sofre uma traição do parceiro e precisa de apoio emocional e psicológico durante a fase da gravidez, existem alguns caminhos que podem levar à resolução desse conflito e ajudar a gestante a se reerguer, como:

  • Psicoterapia individual
  • Terapia de casal
  • Psicoterapia de casal
  • Grupos de apoio dirigidos
  • Suporte de amigos e familiares
  • Rede de apoio
  • Consulta com um profissional da saúde
  • Orientação legal

A psicoterapia individual auxilia no processamento dos sentimentos e para que a mulher desenvolva estratégias de enfrentamento da situação. Já a psicoterapia de casal, por exemplo, se ambos estiverem dispostos e de acordo a fazer, pode ajudar a abordar questões mais profundas e trabalhar na reconstrução da confiança do casal. O grupo de apoio para gestantes ou para as pessoas que passaram por traição também pode proporcionar suporte emocional ao compartilhar a experiência.

O que NÃO é recomendado fazer

De acordo com a psicóloga Sarah Marcondes, a traição sempre foi e sempre será algo doloroso para a vítima e pode ser intensificada ainda mais com o compartilhamento da vida em tempo real nas redes sociais, pois pode ganhar um efeito rebote com o julgamento alheio.

“Expor a situação na internet não é recomendável por algumas razões, como a perda de privacidade e a exposição desnecessária. As postagens podem ser usadas contra a pessoa em processos legais, incluindo disputa de custódia dos filhos e também em questão de divórcio”. E tem mais: “Será que essa pessoa está pronta para as reações imprevisíveis?”, questiona a profissional. “A internet é um terreno sem dono. As pessoas se escondem por trás de um celular e, por vezes, fazem comentários agressivos. Nesse caso, reações até de desconhecidos podem dificultar o processo de saúde emocional dessa grávida”.

Sarah destaca como funciona uma resolução de conflitos. “Os problemas pessoais são mais facilmente resolvidos de forma privada, com apoio de profissionais especializados para tal situação. A psicoterapia individual é uma ótima recomendação”, finaliza a profissional.

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