Prevenção de doenças e melhor microbiota intestinal estão entre os diversos benefícios do aleitamento materno

por Feito para Ela

Orientação profissional sobre aleitamento materno deve começar durante as consultas de pré-natal e se estender durante todo o período de amamentação.

Por Letícia Martins e Priscila Horvat, jornalistas com foco em saúde

Assim que o resultado do teste de gravidez aponta o positivo, a cabeça da nova mamãe se transforma em um turbilhão de assuntos: qual será o sexo do bebê? Qual o nome se for menino? E se for menina? Qual o tema da decoração do quarto? Vale a pena fazer chá de fraldas? Qual o momento certo para avisar no trabalho? Como funciona a licença maternidade? Será que vou conseguir ter uma rede de apoio? São inúmeras dúvidas. A lista não para por aí.

Porém, uma preocupação que poucas mulheres têm nesse período é com a amamentação. Isso porque o subconsciente entende que é algo natural e, portanto, será fácil para a mãe e o bebê. Além disso, filmes, novelas, propagandas e conteúdos nas redes sociais romantizam a amamentação, pintando o momento como pura magia.

Mas, como o ditado diz: “ninguém nasce sabendo” e é por isso que toda gestante, principalmente aquelas de primeira viagem, precisam conhecer tanto os benefícios quanto as técnicas de amamentação para que esse momento transcorra muito bem logo após o parto. Afinal, se a mãe não souber orientar e o bebê sentir dificuldade, o cenário está pronto para o desmame antes do momento certo.

A Organização Mundial de Saúde recomenda que o leite materno seja o único alimento oferecido para o bebê até os seis meses de vida. “Isso porque o leite materno é o alimento mais completo que existe. Ele oferece tudo o que a criança precisa e protege a saúde do recém-nascido por muitos anos”, afirma a ginecologista e obstetra Dra. Silvia Piza, presidente da Comissão Nacional Especializada (CNE) de Aleitamento Materno da Febrasgo e professora assistente da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. A médica completa: “O ato de amamentar é a forma mais econômica, eficaz e sustentável de promoção de saúde da população.”

Benefícios da amamentação

O leite materno contribui decisivamente para manter a microbiota intestinal da criança saudável e garantir o desenvolvimento adequado de vários sistemas, como o imunológico, o endócrino, o cardiovascular e, em especial, o neurológico. 

São inúmeros os benefícios tanto para o bebê quanto para a mãe. “A amamentação previne diversas doenças e oferece a oportunidade de uma boa alimentação que, por consequência, vai resultar em resistência às condições adversas, como doenças que eventualmente podem aparecer”, explica a Dra. Silvia. Conheça outros benefícios:

  • Combate à desnutrição infantil;
  • Fortalecimento de vulnerabilidade de prematuros ou bebês que já nasceram com alguma comorbidade;
  • Favorece o desenvolvimento adequado de todas as funções orgânicas do bebê;
  • Prevenção de doenças por meio de transferência de anticorpos vindos da mãe;
  • Maior vínculo entre mãe e bebê;
  • Diminuição dos sangramentos pós-parto;
  • Redução do peso materno e retorno do corpo às condições pré-gravídicas.

Por outro lado, a falta do aleitamento materno pode contribuir com complicações para o recém-nascido e a criança na primeira infância, como o aparecimento de doenças infecciosas, como as diarreias, além de gastroenterites, alergias e doenças respiratórias, como o vírus sincicial respiratório (VSR), que pode levar até a uma internação hospitalar.

A falta da amamentação também pode contribuir para doenças que não são vistas em um primeiro momento e se desenvolvem ao longo da vida, como déficit cognitivo e alteração de Q.I.

Segundo a médica, o aleitamento deve sempre ser incentivado. “Vários estudos mostram que o cuidado com a alimentação reflete nos nossos hábitos de vida. Por consequência, eles podem modular e melhorar a nossa resposta genética. E faz parte disso a alimentação no primeiro ano e no segundo ano de vida, principalmente em relação ao alimento ouro, que é o leite materno”.

Mesmo recebendo orientação sobre o assunto durante o pré-natal, é comum que dúvidas e dificuldades possam surgir após a chegada do bebê. Porém, nesses momentos, vale pedir ajuda.  “É importante que as mamães saibam que o obstetra é, também, um mentor sobre o assunto de amamentação, já que é ele quem acompanha essa mulher do começo até o final da gravidez”, finaliza a Dra. Silvia Piza.

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