Junho Vermelho: saiba em quais situações a mulher pode e não pode doar sangue

por Feito para Ela

O sexto mês do ano é dedicado às campanhas de incentivo à doação de sangue, ato que salva a vida de muitas pessoas.

Por Letícia Martins

Enquanto você lê este texto um fluido composto por plasma, hemácias, leucócitos e plaquetas percorre seu sistema circulatório levando oxigênio e nutrientes essenciais para todos os tecidos e órgãos do corpo. Tal qual um combustível, o sangue ajuda a manter a máquina humana viva e executando suas atividades. Você não sente esse abastecimento acontecendo, mas há pessoas que estão neste exato momento sentindo a falta dele.

Anualmente cerca de 2,8 milhões de pessoas precisam de transfusão sanguínea no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH). São pacientes que sofreram um acidente grave, estão passando por cirurgias complexas ou têm complicações durante o parto ou decorrentes de doenças crônicas, por exemplo.

É nesta hora que os hemocentros são acionados e precisam estar sempre abastecidos. Porém menos de 2% dos brasileiros doam sangue regularmente. Para ajudar a manter o estoque dos bancos de sangue em alta, o Ministério da Saúde brasileiro instituiu o Junho Vermelho, mês para lembrar a importância da doação de sangue voluntária e frequente.

O que é o Junho Vermelho?

O Junho Vermelho visa levar à população informações confiáveis sobre a doação de sangue e estimula este gesto de solidariedade e cidadania. “A necessidade de se manter os estoques de sangue e hemoderivados em quantidades adequadas é constante durante o ano inteiro e intensificamos as ações de divulgação em junho, mês simbólico. Doar sangue é um ato altruísta, que beneficia muitas pessoas”, afirma Dr. Renato Sampaio Tavares, médico hematologista do Hemolabor, em Goiânia (GO) e professor adjunto de Hematologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás. Segundo Dr. Renato, que também é diretor de comunicação da ABHH, a doação de sangue é um processo seguro, visto que os centros de doação seguem rigorosos protocolos de higiene e segurança para garantir a saúde tanto dos doadores quanto dos receptores.

Quem pode doar sangue?

Para doar sangue, é preciso:

  • Estar em boas condições de saúde,
  • Pesar mais de 50 kg,
  • Ter idade entre 16 e 69 anos e
  • Procurar o banco de sangue ou hemocentro mais próximo com documento de identidade.
  • Observação: adolescentes com 16 e 17 anos devem estar acompanhados do representante legal.

As mulheres podem doar sangue até três vezes ao ano com um intervalo mínimo de três meses, enquanto os homens podem doar até quatro vezes. “Se a mulher for doadora regular, recomenda-se um espaço de tempo maior entre as doações para evitar a falta de ferro, haja vista que mulheres menstruam e têm outras causas de ferropenia de maneira mais frequente do que homens”, alerta Dr. Renato.

Abaixo, ele relaciona as mulheres que não podem doar sangue:

  • Gestantes;
  • Lactantes;
  • Aquelas que tiveram parto ou aborto nos últimos três meses;
  • Aquelas que tiveram três ou mais gestações, porque o plasma pode conter anticorpos e trazer alguma reação transfusional.

Além disso, pessoas que se encaixam em pelo menos uma das condições abaixo não podem doar sangue temporariamente:

  • Ter ingerido bebidas alcoólicas nas últimas 12 horas;
  • Ter feito tatuagem ou maquiagem definitiva há menos de 6 meses;
  • Ter colocado piercing há menos de 6 meses. Se o piercing foi inserido em cavidade oral ou região genital, deve-se aguardar 12 meses após a retirada dele;
  • Ter feito exame de endoscopia ou colonoscopia há menos de 6 meses;
  • Estar com febre e infecção bacteriana há menos de 15 dias;
  • Estar com gripe ou resfriado há menos de 10 dias;
  • Ter tido infecção por covid-19 nos últimos 10 dias ou contato com casos suspeitos ou confirmado nos últimos 7 dias;
  • Ter mantido relação sexual com parceiro(a) ocasional ou desconhecido nos últimos 12 meses;
  • Ter feito uso prévio ou atual de medicamentos para profilaxia pré ou pós-exposição ao HIV nos últimos 12 meses;
  • Ter fator de risco ou histórico de doenças infecciosas, transmissíveis por transfusão (hepatite após 11 anos, hepatite B ou C, doença de chagas, sífilis, aids, HIV, HTVL I/II);
  • Ter tido malária e/ou visitado ou residido em áreas de risco para malária há menos de 12 meses. Todos os estados da região norte do Brasil (exceto Tocantins) e alguns países das Américas Central e do Sul, África, Ásia e Oceania são considerados áreas de risco;
  • Ter visitado ou residido em áreas de risco para a doença da vaca louca (Reino Unido, República da Irlanda e alguns países da Europa);
  • Ter diabetes em uso de insulina;
  • Ter epilepsia;
  • Ter tomado vacina de covid-19 da AstraZeneca, Oxford, Fiocruz, Sputnik V, Jansen e Pfizer, BioNTech nos últimos 7 dias ou Sinovac/Butantã/CoronaVac nas últimas 48 horas;
  • Ter tomado vacina contra a febre amarela, tríplice viral nos últimos 30 dias ou hepatite B, influenza, DTP nas últimas 48 horas. Outras vacinas deverão ser informadas antes da doação.

Mitos sobre a doação de sangue

Outro mote da campanha Junho Vermelho é derrubar mitos que impedem pessoas de realizar este ato de solidariedade, como a ideia de que mulheres não podem doar sangue durante a menstruação. A menstruação não constitui empecilho para a doação por se tratar de uma perda prevista pelo organismo e, além disso, num volume reduzido. No entanto, condições como hipermenorreia (sangramento prolongado, acima de 8 dias, ou quantidade excessiva, maior que 80 ml, durante o período menstrual) ou outras alterações menstruais são consideradas na avaliação médica. Leia mais sobre isso no site da Febrasgo.

Outro engano comum é acreditar que o sangue pode ficar diferente, mais grosso ou mais fino, depois da doação. O procedimento não torna o sangue mais viscoso, tampouco mais fino ou fraco. Além disso, o volume doado (450 ml) corresponde a menos de 10% do volume total de sangue de um adulto, que é de cinco litros, e tem um detalhe: o corpo humano repõe naturalmente o sangue nas 24 horas após a doação. Ou seja, o sangue doado não fará falta ao doador e ainda pode salvar várias vidas.

Corrida e Caminhada Um Só Sangue

Encerrando as atividades do Junho Vermelho, a ABHH realizará a 2ª Corrida e Caminhada Um Só Sangue, no dia 25 de junho, às 7h, no Campo de Marte com entrada pela Avenida Santos Dumont, 2241, em São Paulo (SP).

A corrida faz parte do Programa Um Só Sangue e conta com o apoio da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (ABRALE) e da Associação Brasileira de Talassemia (ABRASTA). São três categorias adultas (3km, 5km e 10km), além de percursos com até 800 metros para as crianças e adolescentes acompanhados dos pais.

Durante a Corrida e Caminhada, os atletas poderão conhecer um pouco mais sobre a doação, quebrar paradigmas e começar ou voltar a doar sangue. Clique aqui para saber mais sobre as inscrições.

Leia mais:

Junho Vermelho: saiba quais são os requisitos para que mulheres doem sangue

Inscreva-se para receber os conteúdos mais importantes sobre saúde da mulher, bem-estar, empreendedorismo, carreira e muito mais!