Candidíase: o que é e como tratar esta infecção comum em mulheres

por Feito para Ela

Coceira, corrimento e irritação na região da vagina são alguns dos sintomas dessa infecção desencadeada por fungo.

Por Letícia Martins, jornalista especializada em saúde

Coceira, corrimento, desconforto e até dor na região da vagina deixa qualquer uma irritada e preocupada. Quando isso acontece é importante procurar ajuda médica, pois pode ser candidíase, uma infecção causada por um fungo que existe no corpo humano, geralmente o cândida albicans.

A ginecologista obstetra Dra. Silvana Quintana, coordenadora da Comissão Nacional Especializada (CNE) de Trato Genital Inferior da FEBRASGO e professora associada do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), esclarece que a candidíase pode ocorrer em diversas partes do corpo e fases da vida. No recém-nascido, por exemplo, a candidíase é oral e chamada popularmente de “sapinho”. “Nas mulheres, principalmente durante o período de vida reprodutiva (menacme), a candidíase é a segunda infecção vaginal mais frequente”, afirmou a ginecologista.

Ela explica que o fungo cândida albicans se desenvolve formando colônias e causando prurido (coceira), corrimento branco e viscoso, ardor, queimação e desconforto na região genital. Algumas mulheres têm sintomas mais brandos e outras mais intensos, provavelmente devido à reação alérgica e inflamatória que o fungo provoca. Os fungos se adaptam bem aos ambientes quentes, úmidos e com pH baixo. A vagina reúne estas condições facilitando a colonização do micro-organismo. Entretanto, outros fatores podem predispor ao desenvolvimento desta vulvovaginite, como gravidez e uso de antibióticos. “Nas candidíases que se repetem, fatores imunológicos da pessoa também são importantes. Outro fator que pode favorecer o desenvolvimento da candidíase é a hiperglicemia, porque os fungos crescem bem em ambientes ricos em açúcar, por isso diabetes não controlado facilita o desenvolvimento de candidíase”, afirma Dra. Silvana.

É verdade que a candidíase “se pega” em banheiros públicos e que ela é sinal de má higiene?

A Dra. Silvina Quintana afirma que isso é mito e expõe outra inverdade: “A candidíase não é uma infecção sexualmente transmissível (IST), por isso o parceiro só é tratamento se estiver sintomático. Não se pega candidíase na relação sexual, muito menos em banheiros. E se a mulher está com candidíase não significa que ela tem má higiene. Algumas vezes pode estar associada a excesso de higiene”.

Como é feito o diagnóstico e o tratamento da candidíase?

Dra. Silvana destaca que o diagnóstico deve ser feito sempre por um profissional de saúde que vai fazer uma adequada anamnese e exame físico. É fundamental também realizar testes laboratoriais, como a medida do pH vaginal e o exame a fresco, isto é, a coleta de material da vagina, além do exame em microscópio. “Nestes exames, no caso da candidíase, encontramos pH ácido e pseudohifas da cândida ao microscópio”, expõe a Dra. Silvana.

Já o tratamento da candidíase varia de acordo com cada caso, mas em geral envolve o uso de antifúngicos por via oral ou vaginal. Manter uma boa higiene íntima e adotar hábitos alimentares saudáveis é essencial para prevenir a infecção.

O que fazer se a candidíase se repetir com frequência?

De acordo com a Dra. Silvana, a maioria das mulheres apresentará episódios eventuais de candidíase ao longo da vida, enquanto de 5% a 10% terão candidíase de repetição, ou seja, pelo menos três episódios ao ano. “Nesses casos, precisamos conduzir de forma adequada o episódio agudo e manter a paciente com esquema de manutenção de antifúngico por 6 a 12 meses”, aponta a ginecologista.

É possível prevenir a candidíase?

Não há evidências robustas para orientar a prevenção da candidíase, mas as práticas abaixo são consideradas adequadas para a saúde da mulher em geral:

  • Manter a região genital seca e ventilada;
  • Após evacuar, realizar a higiene no sentido vagina-ânus e lavar a região anal;
  • Evitar uso de roupas sintéticas;
  • Se tiver hábito de usar absorventes diários, optar pelos modelos respiráveis;
  • Se tiver diabetes, manter a taxa de glicose no sangue (glicemia) controlada;
  • Adotar alimentação saudável;
  • Procurar o médico ginecologista quando apresentar alguma coceira persistente na região genital.

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