A maioria das mortes de gestantes e puérperas são evitáveis. Pressão alta, hemorragias graves e complicações no parto estão entre as principais causas.
Por Letícia Martins, jornalista especializada em saúde
Parece inconveniente falar sobre morte para uma mulher que pretende engravidar ou que já está esperando um filho. No entanto, é fundamental orientá-la sobre os riscos da mortalidade materna justamente para que possa aumentar a sua segurança e a sua saúde. Como fazer isso? Neste texto vamos trazer alguns cuidados importantes.
Antes, vamos explicar o que é mortalidade materna. Segundo a definição da Organização Mundial de Saúde (OMS), morte materna é quando a mulher morre durante a gestação, no parto ou até 42 dias após o parto por qualquer fator relacionado à gravidez.
Em 2021, foram registradas 3.025 mortes maternas. Em 2022, dados preliminares do Observatório Obstétrico Brasileiro apontam que o país teve 1.252 mortes maternas, o que significa um índice de 50,6 óbitos a cada 100 mil nascidos vivos. “É um indicador muito alto e distante da meta assumida pelo Brasil com a Organização das Nações Unidas de baixar para no máximo 30 mortes maternas a cada 100 mil nascidos vivos até 2030”, declarou o Dr. Marcos Nakamura, presidente da Comissão Nacional Especializada (CNE) de Mortalidade Materna da Febrasgo.
Dr. Marcos destaca um ponto fundamental, que é o motivo desta matéria: a maioria das mortes maternas são evitáveis. As vítimas são, em sua maioria, a população com baixo poder econômico, baixa escolaridade, adolescentes e mulheres que vivem em áreas de difícil acesso aos serviços de saúde.
Os principais fatores de risco para morte materna são:
- Hipertensão (pré-eclâmpsia e eclâmpsia),
- Abortos inseguros,
- Complicações no parto,
- Hemorragias graves no parto e pós-parto,
- Infecções pós-parto,
- Doenças crônicas agravadas durante a gestação, como obesidade;
- Entre outros.
O desafio de reduzir a mortalidade materna não é exclusivo do Brasil. Outros países também lidam com o número alto de óbitos maternos. Devido a esse problema em comum no mundo todo, a data de 28 de maio foi marcada como o Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher e aqui no Brasil foi definida também como Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna. Mas a luta deve ser diariamente e passa principalmente pelo compartilhamento de informações confiáveis.
O vice-presidente da CNE de Mortalidade Materna da Febrasgo, Dr. Rodolfo Pacagnella, afirma: “Se um problema não é visível, ele não existe para a sociedade. Por isso, é fundamental que as mulheres e/ou suas famílias saibam reconhecer um problema de saúde e busquem o atendimento médico no momento oportuno, evitando, assim, a demora em chegar à unidade de saúde para ser atendida”, disse Dr. Rodolfo. “Também é preciso que as mulheres sejam orientadas sobre o planejamento familiar, recebam educação sexual, conheçam os métodos contraceptivos e evitem a gravidez indesejada, que está por trás das principais causas da mortalidade materna”, completa.
Um sistema de saúde de qualidade, com leitos suficientes e acompanhamento da gestante também são requisitos para reduzir o número de mortes de mulheres durante a gestação, o parto e o puerpério.
Outro indicador de mortalidade materna é a idade. Em 2021, 229 mortes maternas foram de meninas e jovens com idade entre 10 e 19 anos. A pesquisa Nascer no Brasil identifica que 55% das gestações no país não foram planejadas. Por isso, uma das formas de reduzir a mortalidade materna é conscientizar a população, sobretudo as adolescentes, sobre como evitar uma gravidez, além de promover e ampliar a oferta de métodos contraceptivos para meninas e mulheres em idade fértil.
Portanto, anote os cuidados importantes para evitar a morte materna:
- Fazer o planejamento da gravidez;
- Fazer o pré-natal adequado, com pelo menos 6 consultas durante a gestação;
- Cultivar um estilo de vida saudável, com alimentação equilibrada, prática de atividade física, evitar o tabagismo, entre outros;
- Buscar atendimento médico no momento oportuno, isto é, assim que identificar algum problema de saúde durante a gravidez;
- Receber informação de qualidade como esta, que pode salvar vidas.
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