Hepatites virais na gravidez: 6 cuidados importantes para proteger a saúde da mulher e do bebê

por Feito para Ela

Ginecologista obstetra explica quais são as causas, sintomas e tratamento contra os principais tipos de hepatite. A dica nº 5 vai te surpreender

Por Letícia Martins, jornalista especializada em saúde

As doenças infectocontagiosas causam preocupação em qualquer pessoa, uma vez que prejudicam a dinâmica da vida e comprometem a saúde. Mas quando a mulher pretende engravidar ou já está grávida, a atenção deve ser ainda maior. As hepatites virais são doenças infecciosas de grande perigo, pois afetam o fígado e podem levar a complicações graves se não tratadas adequadamente. Existem cinco tipos de hepatites virais, que variam na forma de transmissão, sintomas e tratamento. No Brasil, as mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C.

“Além do risco inerente de doenças como hepatites virais, a gestação é o período de maior vulnerabilidade para as formas graves da maioria dessas infecções. Por isso, é importante buscar conhecimento e acompanhamento médico durante toda a gestação”, explica o ginecologista e obstetra Geraldo Duarte, professor titular do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP).

Ele destaca que o bebê pode ser contaminado por alguns tipos de vírus causadores de hepatite durante a gravidez, parto e puerpério, processo chamado de transmissão vertical da infecção. “Não há como assumir que uma infecção seja mais grave para a mãe do que para o bebê. O melhor é evitar a infecção materna, pois assim, além de se proteger, ela protege também a criança”, recomenda o médico que também é presidente da Comissão Nacional Especializada em Doenças Infectocontagiosas da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

A seguir, Dr. Geraldo Duarte explica 06 cuidados importantes para proteger tanto a saúde da mulher que planeja engravidar quanto da gestante e do seu bebê

1) Conte com médicos especialistas em saúde da mulher

É fundamental que a mulher faça o planejamento da gravidez e o pré-natal a fim de receber todas as informações necessárias para este período e acompanhar o desenvolvimento do bebê. Na fase pré-gestacional, durante toda a gravidez, parto e puerpério, ela pode contar com o ginecologista obstetra, médico especialista em saúde da mulher. 

“Muitas vezes, o obstetra entra na vida da gestante tardiamente, quando a mulher já está grávida. No entanto, o ideal é que ele seja consultado na programação da gravidez, logo após a decisão de gestar”, recomenda Dr. Geraldo, que também é coordenador do Setor de Obstetrícia do Hospital das Clínicas da FMRP-USP. Isso porque existem exames e cuidados necessários antes de engravidar. “Tais medidas seriam muito úteis se a mulher engravidasse sabendo de suas condições. Assim, poderia tratá-las antes da concepção ou controlá-las, como no caso de diabetes, hipertensão arterial, entre outras”.

2) Entenda a importância dos exames laboratoriais

Eles são importantes antes de engravidar e durante o pré-natal para o melhor acompanhamento e evolução da gravidez. Os exames de sangue feito em laboratórios são a forma de diagnosticar com segurança as hepatites virais.

Dr. Geraldo explica que os exames são solicitados conforme protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde, que consideram a frequência da doença na região onde a gestante mora, bem como algumas situações, como o contato prévio da gestante com algumas infecções, entre elas as hepatites B e C.

3) Conheça as formas de transmissão das hepatites

Este é outro passo importante para prevenir as doenças infecciosas. A principal forma de transmissão da hepatite A é por via oral-fecal (boca-ânus), associando-se tanto a precários hábitos de higiene pessoal quanto às deficientes condições de saneamento básico da região.

Já as hepatites B e C são transmitidas com maior frequência por contato com sangue, seja acidentalmente ou por uso comunitário de drogas ilícitas utilizada por via endovenosa.  A transmissão sexual (sexo desprotegido) também é uma realidade, bem como a transmissão perinatal, isto é, da mãe para o filho durante a gravidez, durante o parto e após o parto. Em menor proporção há risco também no uso de objetos contaminados como agulhas, lâminas de barbear, alicates de unha e de instrumentos de tatuagem, colocação de piercing e por transfusão de sangue de baixa qualidade.

4) Atenção aos sintomas das hepatites virais

Os sintomas podem variar conforme o tipo de hepatite, sendo os mais comuns:

  • Náuseas,
  • Vômitos,
  • Anorexia (perda de peso anormal),
  • Febre,
  • Mal-estar,
  • Dor abdominal,
  • Pele e olho amarelados (icterícia),
  • Urina escura (colúria),
  • Fezes esbranquiçadas (acolia),
  • Eventual coceira (prurido). 

5) Vacine-se contra algumas hepatites

Já foram desenvolvidas vacinas para dois tipos de hepatite (A e B), porém ainda há muitas mulheres que não tomaram todas as doses necessárias para se protegerem.

Autoilimitada, a hepatite pelo vírus A não evolui para doença crônica e tem na vacina a sua principal forma de controle. Já a hepatite pelo vírus B pode evoluir para infecção ou doença crônica e todas as pessoas devem tomar três doses da vacina. 

No caso da mulher, o ideal é fazer a imunização antes da gravidez.  “Mas se a mulher engravidou sem ter tomado todas as doses contra o vírus da hepatite B, deve completar o esquema vacinal assim que possível, pois é seguro”, orienta o Dr. Geraldo.

Infelizmente, ainda não há vacina contra a hepatite C, mas existem tratamentos efetivos.

6) Saiba que existe tratamento para alguns tipos de hepatites

O tratamento medicamentoso reduz a carga viral da hepatite B e pode ser utilizado durante a gravidez. Já para a hepatite C, os tratamentos usuais não estão liberados para uso em gestantes. “Sabe-se que os medicamentos utilizados são altamente efetivos e justificam o tratamento da mulher portadora do vírus antes da gravidez para que elas comecem a gravidez já tratadas”, acrescenta Dr. Geraldo. 

Para a hepatite A não existe tratamento, mas felizmente a maioria dos pacientes apresenta boa evolução. Em todos os casos, lembre-se: busque sempre informação confiável para cuidar da sua saúde, mas nunca utilize medicamentos sem prescrição médica.

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