Tipos de DIU: confira as vantagens deste método contraceptivo e as principais diferenças entre eles

por Feito para Ela
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O método contraceptivo precisa ser eficaz e seguro. Além disso, características importantes devem ser avaliadas com seu ginecologista para tomar a melhor a decisão.

Por Letícia Martins, jornalista especializada em saúde

Existem vários métodos de evitar uma gravidez não planejada, como pílulas anticoncepcionais, implantes hormonais, dispositivos intrauterinos e até formas definitivas, como a laqueadura tubária e a vasectomia. Entre as opções, o Dispositivo Intrauterino (DIU) se destaca como uma alternativa eficaz, segura e de longa duração. Uma vez inserido no útero, a mulher não precisa mais se preocupar com o uso regular, horários ou doses, como ocorre com os métodos de curta ação, como a pílula, a injeção, o anel ou o adesivo.

A ginecologista Jaqueline Neves Lubianca, membro da Comissão Nacional Especializada (CNE) de Anticoncepção da FEBRASGO e professora associada em Ginecologia e Obstetrícia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), explica que atualmente os DIUs se dividem em dois tipos: os não-hormonais (DIU de cobre e DIU de cobre e prata) e os hormonais, também conhecidos como sistemas intrauterinos (SIUs) de levonorgestrel, em duas dosagens (52 mg e 19,5 mg). Essas opções de DIU são aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e reconhecidas pela FEBRASGO como métodos seguros para prevenir a gravidez. “A decisão pelo tipo de método contraceptivo é individual e a paciente deve tomá-la depois de conhecer as características de cada um e avaliar qual deles atende ao seu estilo de vida e aos seus objetivos”, declarou Dra. Jaqueline.

A seguir, a médica esclarece as principais dúvidas sobre os tipos de DIU, mas antes afirma: “Apesar das diferenças entre eles, os dois DIUs possuem uma baixa taxa de falha (gravidez) variando entre 0,2% e 0,8% para o DIU de cobre e sendo minimamente menor para os DIUs hormonais (SIUs): 0,2%”. A mulher pode retirá-lo quando quiser engravidar e o retorno da fertilidade é rápido, geralmente logo após a retirada, uma vez que nenhum deles bloqueia de forma consistente a ovulação.

DIU de cobre: principais características e vantagens

O DIU de cobre é um método não hormonal composto por um pequeno dispositivo em formato de “T”. Ele é inserido no útero e impede a fertilização através da liberação de íons de cobre, que torna lento o movimento dos espermatozoides, impedindo sua ascensão no útero. Este tipo de DIU pode ser empregado por até 10 anos, sem precisar de troca, podendo ser retirado quando a mulher quiser.

O risco de falha do DIU de cobre pode variar entre 0,6% e 0,8%, sendo uma ótima opção para mulheres que não desejam engravidar a curto prazo e para aquelas com fluxo menstrual leve e sem cólicas, pois ele não reduz ou impede a menstruação.

“Algumas pacientes relatam um aumento do volume menstrual com o uso do DIU de cobre, mas geralmente o sangramento tende a permanecer normal. O que ocorre é que os contraceptivos orais reduzem o fluxo menstrual e quando são descontinuados e a paciente muda para o DIU o fluxo volta a aumentar. É importante que a mulher se lembre de como era seu ciclo menstrual sem o uso de hormônios”, explica a ginecologista Dra. Jaqueline.

Além ser um método de longa duração, outra grande vantagem é que o DIU de cobre está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS).

DIU hormonal: principais características e vantagens

Ao contrário do DIU de cobre, o DIU hormonal contém uma pequena quantidade do hormônio levonorgestrel (progesterona), que torna o ambiente uterino menos favorável para a gravidez, diminui a velocidade do transporte do óvulo na trompa e inativa os espermatozoides.

No Brasil, há duas marcas disponíveis: Mirena e Kyleena, produzidos pela mesma indústria farmacêutica. A durabilidade do DIU hormonal é de até 5 anos, sendo uma boa escolha para mulheres que desejam se beneficiar dos efeitos contraceptivos a longo prazo.

Dra. Jaqueline destaca uma vantagem adicional do DIU Mirena, apontada em estudos. “O fato de ter uma concentração maior de hormônio deixa o muco cervical mais espesso, dificultando a ascensão das bactérias e formando uma proteção contra doença inflamatória pélvica e algumas infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), que podem causar infertilidade no futuro”, explica.

Outra vantagem do DIU Mirena é promover uma redução significativa do fluxo e das cólicas menstruais. Por esse motivo, pode ser recomendado para mulheres que apresentam muito sangramento menstrual, endometriose, miomatose ou adenomiose, por exemplo. “Pacientes que fizeram cirurgia bariátrica, tendem a ser anêmicas e necessitam repor vitaminas e ferro sistematicamente. Essas pacientes também são boas candidatas ao uso do DIU hormonal”, acrescenta Dra. Jaqueline.

O DIU substitui o preservativo?

Não. Mesmo que a mulher insira o DIU, seja ele qual for, é fundamental usar preservativo (feminino ou masculino) em todas as relações sexuais: “Embora o DIU hormonal dificulte a proliferação de bactérias, as ISTs ainda podem ser transmitidas e os métodos de barreira devem ser sempre utilizados para que haja essa proteção”, afirmou Dra. Jaqueline.

Lembre-se: a principal função do DIU é evitar a gravidez. Use camisinha.

Quais são as contraindicações para uso do DIU?

Apesar de ser um método seguro e eficaz, o uso do DIU possui algumas contraindicações. Mulheres com alguma alteração anatômica da cavidade uterina não podem usar nenhum tipo de DIU.

O DIU de cobre é contraindicado em pouquíssimas situações, mas o seu uso deve ser muito bem discutido para mulheres que apresentam muita cólica, fluxo menstrual intenso ou alergia ao cobre.

Já as principais contraindicações para o DIU hormonal são: trombose venosa profunda, embolia pulmonar, câncer de mama, doença hepática aguda, entre outras.

Como o DIU é colocado? Será que dói?

O processo para inserção do DIU é simples e pode ser feito no consultório do ginecologista. Antes de inseri-lo, o ginecologista faz uma entrevista completa (anamnese) com a paciente para recomendar o tipo mais adequado. Não há necessidade de fazer o exame citopatológico do colo uterino (Papanicolau) ou ultrassom transvaginal antes da inserção.

Há mulheres que ficam receosas em colocar o DIU, com medo de sentirem dor ou terem alguma complicação. “É preciso orientar que a paciente terá uma cólica mais intensa na hora de medir a cavidade do útero, quando utilizamos um instrumento chamado histerômetro, que vai do canal cervical até o fundo uterino. Assim sabemos exatamente até onde o DIU pode ir. Para ajudar no conforto, o médico pode prescrever um anti-inflamatório cerca de trinta minutos antes da colocação ou utilizar um pequeno bloqueio anestésico no colo do útero”, explica Dra. Jaqueline.

Como procedimento é feito sem visualização direta, um dos riscos é ocorrer uma pequena perfuração do útero. “Quando o profissional é capacitado e treinado para fazer a inserção do DIU, o risco de ocorrer algum problema é muito baixo, menos de 2%”, afirma. Ela salienta ainda que, além de ser rara, a perfuração não é grave e o útero cicatriza espontaneamente. “Se suspeitarmos de perfuração, o procedimento é cancelado e remarcado para outro dia”, conclui a ginecologista.

Já o DIU hormonal Kyleena, de menor dosagem, tem um aplicador bem mais fino, com um diâmetro menor do que o Mirena e o de cobre, causando menos dor e desconforto, sendo especialmente indicado para mulheres que não ainda tiveram filhos.

Outro facilitador é inserir o DIU durante o fluxo menstrual, pois o colo do útero fica mais permeável e o médico tem certeza de que a mulher não está grávida, dispensando, portanto, a necessidade de fazer o teste de gravidez antes da inserção do DIU.

“Por termos um leque abrangente de métodos contraceptivos, a paciente pode, ao longo da vida, experimentar outros métodos que sejam mais favoráveis naquele momento e saber como ela se sente e como o corpo dela reage. Apesar de bem descritos benefícios e indicações, cada mulher apresenta também uma resposta individual aos métodos contraceptivos, que vai determinar a taxa de continuidade e satisfação com o uso dos mesmos”, conclui Dra. Jaqueline.

Por isso, é importante consultar um ginecologista antes de optar pelo método contraceptivo e obter orientações personalizadas para garantir a escolha mais segura e eficaz. Invista na sua saúde sexual e reprodutiva, escolha de forma consciente e desfrute da eficácia e da praticidade desses métodos contraceptivos de longa duração.

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