Doença é uma das que mais matam, mas é completamente prevenível. Saiba como evitá-la.
Por Letícia Martins e Priscila Horvat, jornalistas com foco em saúde

Perigosa, aguda, mas prevenível. Assim pode ser caracterizada a trombose, que é a formação de coágulos no interior de veias ou artérias, que impedem o fluxo de sangue e podem causar sintomas como dor, vermelhidão ou inchaço. Também chamado de tromboembolismo, a condição engloba a trombose venosa, podendo ocorrer nas pernas, por exemplo, e a embolia pulmonar.
O assunto é preocupante. Tanto que existe até uma data para conscientização da doença: 13 de outubro. “De cada dez mortes que acontecem no mundo, uma é decorrente de trombose. É um número muito alto”, afirma a Dra. Venina Ramos, presidente da Comissão Nacional Especializada (CNE) de Tromboembolismo Venoso e Hemorragia na Mulher da FEBRASGO. “Além disso, uma em cada seis mortes que ocorrem dentro do hospital ou até três meses após a alta é devido à trombose”, completa a médica, que também é membro do Grupo de Trombose e Trombofilias na Gravidez do Hospital das Clínicas de São Paulo e diretora da Clínica Barros & Barros.
Mesmo com esse número alarmante e com o tromboembolismo sendo uma das principais causas de morte no mundo, há formas simples de se evitar a doença. Segundo a médica, aproximadamente “90% das tromboses relacionadas a uma internação hospitalar podem ser prevenidas”.
Causas e fatores de risco da trombose

A doença, entretanto, costuma ser um tanto seletiva, e tem certa preferência por mulheres em idade reprodutiva. “Dos 20 aos 45 anos, a trombose incide mais em mulheres em idade fértil, justamente por causa do uso de hormônios. Uma mulher que toma pílula anticoncepcional, por exemplo, tem o risco de sofrer trombose de 1 para 10 mil”, explica a médica.
Por isso, a mulher que opta por tomar a pílula precisa, antes, conhecer sua história familiar e ter certeza de que esse método contraceptivo seja uma boa opção para ela. “O ideal é passar em uma consulta médica e fazer uma avaliação antes de começar a usar a pílula anticoncepcional, principalmente nos casos de maiores riscos, quando existe na família histórico de trombose, de embolia pulmonar ou de morte súbita”, orienta a Dra. Venina.
Também é importante esclarecer que as pílulas combinadas oferecem maior risco para mulheres com predisposição à trombose. Nesses casos, as pílulas mais recomendadas são as de progestogênio. O DIU (dispositivo intrauterino) também é uma opção válida.
As principais causas de trombose são:
- Hospitalização;
- Viagens longas (acima de 4 horas);
- Cirurgias grandes, principalmente as abdominais e oncológicas;
- Quimioterapia;
- Sedentarismo;
- Obesidade;
- Diabetes;
- Hipertensão;
- Tabagismo;
- Varizes aparentes.
Dra. Venina conta que cerca de 85% das tromboses ocorrem nas pernas, principalmente abaixo do joelho, quando é chamada de trombose da panturrilha ou distal. O trombo na veia nada mais é do que o entupimento de uma veia, que provoca a interrupção do sangue. Os sintomas são dor, inchaço e vermelhidão na região afetada (pernas, pés ou coxas).
Mas a doença também pode aparecer em outros locais. Uma trombose proximal, por exemplo, é quando acontece na coxa. Esse tipo, inclusive, é ainda mais perigoso, porque pode subir para o pulmão e provocar uma embolia pulmonar. Nesses casos, os sintomas são geralmente dor no tórax, falta de ar, tosse, febre e até a presença de catarro com sangue. Se o trombo for muito grande, a pessoa pode desmaiar e até morrer. Os dados são alarmantes: 30% das embolias pulmonares levam a óbito em até meia hora.
No caso de aparecimento desses sintomas, o ideal é buscar uma emergência médica o mais breve possível. “Ou seja, em 70% dos casos, dá tempo de ir ao hospital, investigar, e evitar que ela se transforme em algo letal. Por isso, as campanhas de conscientização são fundamentais”, ressalta Dra. Venina.
Poluição também pode ser um fator de risco
O estilo de vida pesa na possibilidade do aparecimento da doença, mas há um fator externo que também tem influência direta na trombose, que é a poluição. “Os poluentes, principalmente as micropartículas, aumentam a viscosidade do sangue”, o que aumenta a dificuldade de passagem pelas artérias. Esse, aliás, é mais um dos motivos pelos quais é importante manter a hidratação e lembrar do quanto é importante beber água.
A poluição também aumenta o risco de infecções respiratórias, como asma e bronquite. “Tudo isso junto se transforma no que costumamos chamar de tríade do mal: poluição, infecção e trombose”.
Prevenção da trombose
Especificamente no caso da mulher, um ponto a mais da prevenção é a análise do histórico familiar antes de decidir qual o método anticoncepcional. Mas, além dessa dica, as outras são gerais, e servem para qualquer pessoa, em qualquer idade, e incluem:
- Em viagens acima de quatro horas, seja qual for o meio de transporte, levante-se e mexa as pernas;
- Mantenha-se hidratada: o recomendado é beber diariamente 30 ml de água por quilo de peso corporal. Por exemplo, uma pessoa que pesa 60 quilos, deve ingerir 1,8 litro de água por dia;
- Pratique atividade física regularmente;
- Faça os exames de rotina periodicamente e mantenha o colesterol e a glicemia sob controle;
- Adote e siga um estilo de vida saudável.
Seguindo essas recomendações médicas, as chances de evitar uma trombose são altas! Compartilhe este conteúdo!