A infertilidade atinge cerca de 15% da população mundial e as causas podem ser várias.
Por Letícia Martins, jornalista com foco em saúde
“O problema é seu ou do seu marido?” Essa é uma das inúmeras perguntas ouvidas com certa frequência por mulheres que estão enfrentando dificuldades para engravidar. Para quem não está lidando com a ansiedade de ser mãe, essa frase parece uma curiosidade comum, mas pode contribuir para aumentar a angústia de quem está há meses ou anos tentando conceber um filho.
A infertilidade afeta cerca de 15% da população geral, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e há várias causas para o problema, podendo ser igualmente femininas ou masculinas.
A ginecologista obstetra Dra. Rivia Mara Lamaita, presidente da Comissão Nacional Especializada (CNE) de Reprodução Assistida da Febrasgo, esclarece que:
- 30% dos casos de infertilidade são relacionados a fatores femininos, como endometriose, obstrução tubária, alterações hormonais e imunológicas;
- 30% têm causas masculinas, como ausência total ou parcial de espermatozoides, varicocele (dilatação anormal das veias testiculares), inflamações ou infecções nos testículos, entre outros.
- 30% de chances dos dois (homem e mulher) terem alguma dificuldade e
- 10% não têm causa aparente.
Dra. Rívia explica que, do ponto de vista médico, considera-se infertilidade quando:
- a mulher tem menos de 35 anos e está há um ano tendo relações sexuais sem usar nenhum método anticoncepcional (inclusive camisinha);
- a mulher tem mais de 35 anos e está há seis meses com vida sexual ativa e sem usar nenhum método anticoncepcional;
- o homem ou a mulher tiver algum fator que possa levar a uma condição definitiva relacionada à dificuldade de conceber naturalmente, como varicocele, laqueadura, endometriose severa, entre outros.
Nessas situações, recomenda-se que o casal busque ajuda especializada. “Um médico especialista em reprodução assistida é a melhor fonte de informações para perguntas e preocupações relacionadas à infertilidade. Além disso, o atendimento multidisciplinar, com ajuda de uma psicóloga na equipe, também é de muita valia nesse momento”, recomenda a Dra. Rivia Lamaita.
Os questionamentos das pessoas sobre quando será o anúncio da gravidez e o peso do diagnóstico tornam a jornada mais difícil ainda para quem está tentando ter um filho. “Eu me sentia culpada por enfrentar a infertilidade, como se o problema fosse eu mesma e não o diagnóstico médico. Sentia que todos me viam como a ansiedade em pessoa, enquanto eu mesma não me sentia dominada por ela”, conta a pedagoga Adrielle Martins Luz Assis, de 26 anos.
Nesta matéria, ela contou para a equipe do Feito Para Ela como foi ouvir frases como “é só você parar de pensar em gravidez que vai engravidar” e “fulana foi viajar e voltou grávida, porque não estava pensando nisso” durante os quase dois anos que tentou gerar um filho.
“Não era algo fácil e tão simples assim. Eu queria muito engravidar e cada negativo me doía demais. Eu não queria parar de pensar, eu queria engravidar”, relata Adrielle. “Muitos comentários pareciam ir na contramão do que os médicos diziam, afinal, uma cirurgia não é algo simples, e viajar, parar de pensar no assunto ou culpar a ansiedade jamais iria curar a infertilidade”.
Mas, então, o que falar para uma tentante?
Para Adrielle, que passou pelo misto de emoções e hoje é mãe da Aurora, a dica principal é ouvir. “Às vezes, não queremos uma solução, isso os médicos podem nos dar. Queremos uma escuta atenta daqueles que nos amam e que nós amamos. Uma escuta ativa e empática pode nos ajudar dando ânimo para continuar tentando”, sugere.
Anote essas dicas também:
- Se você não souber o que falar, não diga nada. Ofereça acolhimento, escuta ativa e um ombro amigo, caso a mulher queira desabafar;
- Na dúvida, pergunte para ela: “você quer falar sobre o assunto? Como posso ajudar?”;
- Coloque-se à disposição, dizendo frases como “estou aqui se quiser conversar”, “vou orar por vocês” ou “você está sendo muito forte”;
- Esteja disponível para acompanhá-la em uma consulta médica ou exame;
- Se puder, ofereça alguma informação útil, como a recomendação de buscar um médico especialista em reprodução assistida, por exemplo;
- Indique o site Feito Para Ela para sua amiga se informar!