O que é hiperêmese gravídica e como lidar com sintomas?

por Feito para Ela

Quando o enjoo na gravidez passa dos limites: entenda a condição e as formas de amenizar o quadro.

Muitas mulheres sonham anos com o momento da gravidez, enquanto outras são surpreendidas com o atraso da menstruação e o teste positivo. Todavia, se tem algo que pode atingir qualquer gestante, com ou sem planejamento, é o enjoo, considerado um sintoma clássico da vida de uma grávida. Porém, quando em excesso ou intenso, ele é chamado de hiperêmese gravídica, uma condição preocupante que pode resultar em desidratação, dificuldade de se alimentar bem e perda de peso.

As náuseas são um dos primeiros sinais de gravidez e costumam acontecer entre os três ou quatro primeiros meses da gestação. Já a hiperêmese pode ocorrer em qualquer período da gravidez, sendo mais acentuado em um mês ou outro. A ginecologista obstetra Dra. Débora Farias Batista Leite, membro da Comissão de Assistência Pré-Natal da Febrasgo, explica que não há uma razão única para a variação nos episódios de vômitos entre gestantes. Enquanto algumas mulheres enfrentam enjoos intensos e frequentes, outras praticamente não sentem desconforto.

A especialista destaca que diversas teorias tentam explicar a hiperêmese gravídica. “Uma delas sugere que o aumento de hormônios durante a gravidez, como a fração beta da gonadotrofina coriônica humana (HCG), pode contribuir para a náusea. Outra teoria aponta que a predisposição aos vômitos pode estar associada à transmissão de um gene específico”, expõe a Dra. Débora, que é docente do curso de medicina da Universidade Federal de Pernambuco.

Ela acrescenta que as náuseas e vômitos podem ser intensificados por fatores emocionais. “Em casos de gestações não planejadas ou indesejadas, ou ainda quando a gestante enfrenta dificuldades para aceitar a nova realidade, é comum que esses sintomas se tornem mais severos”.

Sintomas da hiperêmese gravídica:

O enjoo passa a ser classificado como hiperêmese gravídica quando a vontade de vomitar e o vômito levam a gestante a uma perda de peso significativa, como 10% do peso corporal. “Às vezes a mulher vomita tanto, que começa a ter algumas alterações no sangue, como a perda de potássio, um nutriente importante para controlar as transmissões nervosas, inclusive as cardíacas, podendo comprometer o funcionamento do coração”, alerta a Dra. Débora.

Para a condição ser diagnosticada, outros fatores são levados em consideração, como:

  • Náuseas intensas e vômitos frequentes, especialmente nos primeiros três ou quatro meses da gravidez;
  • Alterações nos exames laboratoriais devido à desidratação e perda de nutrientes, como queda nos níveis de potássio;
  • Dificuldade em ingerir alimentos ou líquidos, mesmo com uso de medicação;
  • Sensação de desfalecimento e queda de pressão;
  • Vômitos que ocorrem antes que a mulher consuma algum alimento ou refeição;
  • Sensibilidade a odores comuns, como perfume e pasta de dente, que podem desencadear náuseas e vômitos.

Nesses casos, a recomendação para essa paciente é procurar um serviço de saúde, principalmente se não estiver conseguindo ingerir alimentos, tanto líquidos quanto sólidos, e esteja com sensação de desfalecimento ou de queda de pressão, porque podem indicar já alguma alteração importante no organismo.

Atenção para o aumento da salivação

Uma característica da hiperêmese gravídica é o aumento da quantidade de saliva. “Às vezes a mulher passa o dia todo com náusea, mas não vomita nenhuma vez. Porém, ela também não consegue comer, justamente por estar com vontade de vomitar. Isso faz aumentar a salivação, e a paciente pode passar o dia todo cuspindo, por exemplo”.

Há mulheres que, mesmo tomando medicação, continuam com os quadros de vômito e com muita intensidade. “De forma geral, uma paciente com hiperêmese que tem alteração dos exames de laboratório, precisa ser tratada em ambiente hospitalar, porque ela precisa fazer hidratação com soro, já que, muitas vezes, ela não tolera as medicações por via oral, então elas precisam ser venosas”, declara a obstetra.

Tratamento e cura

A Dra. Débora destaca a importância do acompanhamento de uma equipe multidisciplinar para mulheres que enfrentam a hiperêmese. O nutricionista, por exemplo, terá a responsabilidade de elaborar a melhor estratégia alimentar para cada fase da gestação, enquanto o psicoterapeuta irá explorar a aceitação da gravidez.

Os enjoos podem ter origens variadas e inesperadas, como fragrâncias, produtos de higiene bucal ou certos alimentos. “Por isso, aconselhamos que a mulher que passa por essa condição tenha sempre o medicamento ao lado da cama. Ao acordar, ela deve tomar a medicação e aguardar de 20 a 30 minutos para que faça efeito antes de se expor, por exemplo, à pasta de dente ou ao café da manhã, reduzindo assim as chances de rejeição alimentar”, explica a médica.

A combinação de medicação e ajustes na alimentação é fundamental para o controle da hiperêmese, que tende a desaparecer com fim da gestação. “Uma dica valiosa para as mulheres que lidam com essa situação é ingerir líquidos ao longo do dia, evitando misturá-los às refeições. Isso ajuda a prevenir a sensação de estômago muito cheio, que pode aumentar a náusea. Além disso, dar preferência a alimentos frios ou gelados, que são mais rápidos de preparar, pode ser benéfico. Alimentos aquecidos costumam provocar mais desconforto, especialmente pelo cheiro, que pode intensificar o enjoo”, conclui a Dra. Débora.

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