Séria e silenciosa, a doença só é descoberta quando o pré-natal é feito corretamente.
Quando uma mulher engravida, um novo mundo de possibilidades se abre para ela: novos sonhos, desafios, consultas médicas, equilíbrio no trabalho e nas tarefas de rotina. São inúmeras coisas que são adicionadas ao dia a dia da mulher. E algo que não pode ser descuidado nesse momento é a pressão arterial.
Popularmente chamada de “pressão alta” ou “pressão baixa”, elas podem aparecer em qualquer idade e são facilmente identificáveis. A versão baixa (hipotensão) costuma ter como sintoma tontura, palidez, visão embaçada.
Do outro lado tem a hipertensão. E o maior problema dela é a falta de sintoma. Veja bem: não é que não existam sintomas característicos. Só que eles são muito “comuns” e, por isso, muitas vezes acabam passando despercebidos ou não recebem a atenção devida. Entre os mais comuns, estão a dor de cabeça, sudorese, dores no peito e na nuca. Essa última é famosa, mas nem todas as pessoas sentem. Os outros sinais podem ser confundidos como características de uma noite mal dormida, nervoso, calor e até fome.
Sintomas
Só que, em uma mulher grávida, todos esses sintomas elevam o problema a outro patamar, que é a pré-eclâmpsia. Quando a mulher é diagnosticada com aumento de proteinúria (proteína na urina) e está com a pressão igual ou maior a 140 na máxima e/ou 90 mmHg na mínima ou números ainda maiores é sinal vermelho, daqueles que precisam de muita atenção.
Outras características típicas da pré-eclâmpsia são o inchaço (que pode acontecer no rosto, mãos e pés), ganho de peso repentino e náuseas. Como esses sinais também são encarados como típicos de uma gravidez, mais uma vez a doença pode ser ignorada, mesmo com a presença desses sintomas.
No Brasil, a pré-eclâmpsia é a principal causa da mortalidade materna. Além de significar alto risco para a vida da mãe, a doença ainda pode ser prejudicial ao desenvolvimento do bebê.
Prevenção
Mas, se por um lado existe esses dados alarmantes, do outro é possível ver uma luz no fim do túnel: A hipertensão pode ser tratada! E, embora a pré-eclâmpsia não seja 100% evitável, existem formas de contornar a probabilidade de acometimento da doença com algumas simples ações.
“Após identificar as gestantes com risco de desenvolver a doença, o ideal é promover uma ação não farmacológica, com a prática de atividade física, junto com uma ação farmacológica, que envolve a prescrição de ácido acetilsalicílico (também chamado de AAS) e suplementação de cálcio”, explica o Dr. José Carlos Peraçoli, presidente da Comissão Nacional Especializada (CNE) de Hipertensão na Gravidez da FEBRASGO e professor Titular de Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Botucatu, da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp). A recomendação é de pelo menos 140 minutos de atividade física por semana.
Então, tentantes e grávidas, tenham atenção aos sintomas. Não se esqueçam de seguir corretamente o calendário do pré-natal e manter a correta mensuração da pressão arterial. Se sentir alguns destes sinais, não hesite em solicitar ao obstetra uma análise da proteinúria.
Conte seu histórico médico ao profissional que te acompanha neste período também, afinal, a identificação precoce dos fatores de risco é uma das etapas fundamentais para evitar consequências desfavoráveis.