Perda involuntária da urina e prolapso genital são algumas das condições que podem afetar a qualidade de vida das mulheres
*Conteúdo produzido pela CNE de Uroginecologia e Cirurgia Vaginal da Febrasgo.
Assoalho pélvico é o nome que damos a um conjunto de estruturas que sustentam os órgãos da pelve da mulher: bexiga e uretra (canal da urina), útero, vagina, intestino e reto. Esses órgãos precisam de uma comunicação com o meio externo para permitir a eliminação dos resíduos (na forma de urina e de fezes), e a função sexual e reprodutiva através do canal vaginal e do útero.
Ao mesmo tempo, esses resíduos precisam ficar contidos até que a mulher esteja em uma situação conveniente para urinar ou evacuar, mantendo a continência urinária e fecal. Além disso, os próprios órgãos precisam ser bem sustentados no interior da pelve, pois como se comunicam com o exterior, eles mesmos podem ser empurrados para fora da pelve nos momentos em que a mulher realiza esforços, levando a uma condição conhecida como prolapso genital.
Para que todas essas funções sejam possíveis, o assoalho pélvico se organiza como um piso composto de músculos, chamados de músculos levantadores do ânus. Nesse piso muscular existe um grande orifício, chamado de hiato genital, e é através dele que os órgãos podem se comunicar com o exterior. Bexiga, útero e reto estão todos assentados sobre esse piso muscular, e a uretra, vagina e canal anal atravessam o hiato urogenital, permitindo a função desses órgãos.
Além dos músculos levantadores do ânus, outras estruturas não musculares também contribuem para a sustentação do assoalho pélvico, compostas de tecido conjuntivo, com participação de vasos sanguíneos e de nervos. Esses componentes não musculares recebem o nome de fáscia endopélvica e têm a finalidade de trabalhar junto com os músculos para impedir que os órgãos da pelve passem pelo hiato genital e se exteriorizem, levando aos prolapsos genitais.
A função dessas estruturas de tecido conjuntivo pode ser comparada a “cabos de um guindaste”, que seguram os órgãos no interior da pelve, para que eles não “caiam” através do orifício que é o hiato genital. Ao mesmo tempo, o assoalho formado pelos músculos consegue se contrair, fechando e reduzindo o diâmetro do hiato genital ao mesmo tempo em que dobra ou angula as vias de saída dos órgãos da pelve, gerando resistência para que o conteúdo desses órgãos, ou os próprios órgãos, não consigam passar pelo hiato.
Conclusão
A forma como todas essas estruturas atuam em conjunto e a maneira com a qual interagem entre si é bastante complexa e interdependente, então se uma estrutura não funciona bem, pode acabar levando a um desequilíbrio de todo esse sistema, permitindo então o surgimento de situações tais como a perda de urina, perda de fezes e o prolapso genital.
Os músculos levantadores do ânus são muito parecidos com os músculos que utilizamos para nos locomover no dia a dia. Sendo assim, podem ser treinados e fortalecidos de maneira semelhante ao crescimento muscular que se tem ao se realizar exercícios de musculação.
Em caso de dúvidas sobre assoalho pélvico, converse com seu ginecologista!
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Gostou deste conteúdo? Ele faz parte de uma série de 13 textos produzidos pelos membros da Comissão Nacional Especializada (CNE) de Uroginecologia e Cirurgia Vaginal da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), gestão 2024-2028.
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Referências
- Ashton-Miller JA, DeLancey JO. Functional anatomy of the female pelvic floor. Ann N Y Acad Sci. 2007;1101:266-96
- DeLancey JO. What’s new in the functional anatomy of pelvic organ prolapse? Curr Opin Obstet Gynecol. 2016;28(5):420-9.