A linguagem do amor é prática. Como demonstrar afeto em um relacionamento duradouro

por Feito para Ela

Não basta achar que ama, é preciso externar o sentimento em gestos no cotidiano. Mas como fazer isso na correria do dia a dia? Cinco mulheres compartilham suas experiências.

Por Letícia Martins, jornalista especializada em saúde e contadora de histórias

Namoro, casamento, união estável… Como é bom compartilhar a vida com alguém! Embora não seja obrigatório estar em um relacionamento amoroso para ser feliz, é essencial cultivar momentos de qualidade com o parceiro ou a parceria para que a relação amorosa seja prazerosa, saudável e duradoura.

O amor e o cuidado podem ser demonstrados com gestos simples do dia a dia, como preparar o café da manhã, deixar um recado carinhoso na geladeira antes de sair para trabalhar, mostrar apoio nos momentos difíceis ou ouvir atentamente as preocupações da pessoa amada.

Porém, é muito comum os compromissos de trabalho, a preocupação com os filhos ou o estudo ocuparem a maior parte do tempo e da energia dos casais. Sem perceber, muitos passam semanas, às vezes meses sem praticar atitudes que fortalecem a conexão emocional e o bem-estar do relacionamento.

Conversamos com cinco mulheres que encontraram formas de compartilhar muito mais do que as responsabilidades da casa e sempre dão um jeitinho de fazer uma atividade em conjunto, conversar sobre o dia ou apenas desfrutar da companhia um do outro. Confira!

Mais do que amor e química

“Um relacionamento sério ou casamento é quando a relação é baseada em parceria desde as trocas diárias, o compartilhamento da rotina, o espaço mútuo de escuta e acolhimento”. Esta frase não foi dita por nenhum coach de relacionamento, mas por uma mulher que preza uma relação saudável e batalha por ela todos os dias. A executiva de e-commerce Ana Pio, de 42 anos, está casada há 8 anos com o representante de vendas Rodrigo Duran e tem um filho de 10 anos.

Ana Pio: a carreira de sucesso no e-commerce foi construída com o apoio do marido e melhor amigo Rodrigo Duran. (Foto: arquivo pessoal)

Ambos trabalham em áreas competitivas, que exigem dos profissionais constante atualização, inovação e negociação. Ana, por exemplo, está há 18 anos no setor do comércio eletrônico, lidera equipes, viaja muito representando a empresa, ministrando palestras e aulas, além de gerar conteúdo na internet. Ao todo, desempenha 7 atividades simultâneas. Uma das grandes coroações de sua carreira foi ganhar por voto popular o Prêmio Ecommerce Brasil, na categoria Tecnologia e Inovação, como Profissional do Ano 2021, sendo a primeira e única mulher até o momento com essa conquista.

Ao ser questionada como o marido lida com o sucesso profissional da mulher, Ana expõe: “Quando conheci o Rodrigo, eu já tinha uma carreira e era uma profissional em ascensão, mas a Ana Pio que todos conhecem hoje, com todo reconhecimento e prestígio, foi construída ao lado dele. De fato, sem ele não teria sido possível!”.

Para a executiva de contas, há duas palavras que predominam em um relacionamento forte: compreensão e abdicação. “Rodrigo optou, pois é uma escolha, renunciar a demandas da vida pessoal e profissional dele para facilitar meu caminho e tirar da frente tudo o que poderia me impedir de evoluir e crescer. Na sociedade que estamos inseridos, crescemos vendo as mulheres em casa, cuidando do lar e dos filhos, enquanto o marido é o principal provedor. Ver um cenário oposto a esse ainda causa espanto, mas aqui nosso alicerce é baseado no que é melhor para a família como um todo. Não tomamos decisões unilaterais, entendemos todo o contexto e tiramos o melhor de cada oportunidade. Por algum tempo senti culpa pelo protagonismo e conversamos sobre isso. Foi quando ele falou que a felicidade dele está em colocar os degraus para que eu pudesse subir e brilhar! Não há nada mais gratificante que ter seu maior apoiador dentro de casa! Ele e meu filho são as razões para tudo o que faço e inspirá-los também faz parte do processo”, relata.

Mas para que a química do relacionamento seja mantida em meio a tantos compromissos profissionais, Ana e Rodrigo também priorizam uma agenda em comum. “Temos um encontro de almas, uma vontade de estar junto sem que isso seja uma obrigação, apreciamos a companhia um do outro, não perdemos isso ao longo dos anos. Todos os dias dedicamos cerca de 45 minutos pela manhã para tomarmos café juntos, assistir o jornal matinal ou ir para academia. É o nosso momento! Conversamos, namoramos, brincamos e começamos nosso dia que tem uma agenda bem puxada, mas que começa de forma leve. Fora isso, o jantar em família na mesa também é tradição, pois ali falamos do dia um do outro, nosso filho compartilha também, fofocamos (risos)! A fofoca mantém o casamento, viu! Brincadeiras à parte, somos muito amigos antes de tudo. Na verdade, Rodrigo é o meu melhor amigo”, finaliza Ana.

Parceria é o melhor negócio

A palavra parceria também está presente nas respostas e na vida da empresária Nayane Aparecida da Silva Andrade, de 28 anos, que formou com o marido Sebastião Flávio da Silva Neto, laços familiares e profissionais muito fortes. Pais de duas crianças de 8 e 3 anos, eles estão juntos há 15 anos na vida e há 10 nos negócios, administrando uma unidade de franquia de salão de beleza em Minas Gerais e outra em Goiás. Mas o caminho que eles trilharam para formar essa parceria foi de muita transformação.

“Meu marido era segurança na área civil, super machista, bruto, sistemático e achava intolerante ser sustentado por uma mulher. Porém, ele ficou desempregado e tentou alguns serviços, que não deram certo. Então começou a trabalhar comigo na divulgação da marca da minha empresa, que presta serviços na área de estética e beleza. Cresci muito ao ponto de formar mais de mil alunas no Brasil e em outros países. Eu realmente me encontrei nesta área e tive a ideia de envolvê-lo nos cursos. Foi um grande desafio, que deu certo. Ele tornou-se um micropigmentador paramédico e hoje domina a área da beleza. Já ganhou vários prêmios nacionais e internacionais. Construímos juntos uma credibilidade gigantesca no mundo da beleza”, relata Nayane.

A experiência mostrou para Nayane que estar em um relacionamento sério é viver um nível mais elevado de parceria, unidade e sociedade. “É abrir mão de escolhas individuais e pensar em projetos juntos. É fazer o seu melhor todos os dias, saber traçar rotas que não ultrapassam nem atropelam sentimentos e vontades. É se adequar e se recriar constantemente”, disse a jovem empresária.

Tempo de qualidade e demonstração de afeto

Além da idade e da profissão, as médicas Bruna Garcez Fonseca e Nayara Faquer Nogueira, de 28 anos, têm outra coisa em comum: elas amam viajar! Juntas há onze anos e casadas há oito meses, elas trabalham bastante durante a semana, organizam as finanças e planejam bem para conseguir fazer pelo menos uma viagem por mês, nem que seja para perto e por poucos dias. “Gostamos de dividir tudo e lidamos bem com os perrengues que sempre aparecem”, contam.

No perfil do Instagram (@bespelomundoo) elas compartilham com mais de 90 mil seguidores fotos e dicas dos passeios. As tutoras da cachorra Brejinha acreditam que para um relacionamento dar certo é preciso dedicação das partes. “As duas pessoas precisam estar dispostas a se complementarem, a se ajudarem e a crescerem juntas”, diz Bruna. “Problemas, defeitos e manias todo mundo tem e não significa que precisamos mudar a outra pessoa. A gente vai se adequando para fazer tudo dar certo”, completou Nayara.

Bruna Garcez e Nayara Faquer: acordar mais cedo para preparar o café da companheira, planejar uma viagem e cozinhar juntas são formas de praticar o amor. (Foto: arquivo pessoal)

Para elas, dedicar tempo de qualidade à relação é uma das maiores provas de amor. “Jantar sem usar o celular, conversar olho no olho e cozinhar juntas são exemplos de tempo de qualidade”. Mas verbalizar o sentimento, usando frases de afirmação (amo você, gosto de estar com você, você é especial) e demonstrar carinho com o toque físico (abraços e beijos) são indispensáveis: “Muitos casais que estão há bastante tempo juntos acabam deixando de beijar de língua ou abraçar. Esses gestos são importantes não só nos momentos de maior intimidade, mas no dia a dia mesmo”, ressaltam.

“Atos de serviços também são bem-vindos. Eu por exemplo não gosto de acordar cedo. Então, a Bê se levanta antes para adiantar o café da manhã enquanto durmo cinco minutos a mais. Já a Bê não é muito boa para limpar a casa, por isso tento organizar as coisas antes para ela não se sentir cobrada em relação a isso”, conta Nayara.

Endorfina, diversão e cumplicidade

Já a paixão em comum da enfermeira Ana Carolina Feltran de Vecchio e do metalúrgico William de Vecchio é a corrida. Casados há 16 anos e são pais de um adolescente de 13, eles cultivam o esporte como hobby e uma estratégia para manter o relacionamento sempre ativo. “Sinto muita segurança em correr com o William. A gente vai correndo e falando dos problemas da casa, das contas para pagar, do filho “aborrecente” e quando termina o treino estamos pilhados na endorfina. A sensação de felicidade de se exercitar com o amor da sua vida é em dobro. Mas sempre tem a zoação final de quem foi melhor! Isso nunca falta”, afirma Ana Carolina.

Hoje ela conquista várias medalhas e alguns pódios nas provas de corrida de rua, mas passou por um grande sufoco no início. “O William sempre foi do esporte (corrida, bike, futebol), enquanto eu sempre gostei de dormir. Era sedentária ao extremo mesmo. Ele me incentivava para fazer alguma atividade e eu postergava. Um belo dia, em meados de 2018, estávamos de férias e ele saiu para correr cedo. Resolvi ir junto. Corri 200 metros e quase morri. Eu me senti muito mal, com falta de ar, náusea, tontura. Tive que sentar e esperar a alma voltar ao corpo. Voltei para casa com a cara da derrota e pensando: tenho que dar um jeito na minha vida. Comecei a pedalar perto de casa: dois quarteirões num dia, três quarteirões no outro. Até que passei a pedalar com o William”, conta a enfermeira.

Ana Carolina Feltran de Vecchio e William de Vecchio: enquanto correm e cuidam da saúde, também colocam o papo em dia. (Foto: arquivo pessoal)

Em 2020, decidiu superar a vergonha e resolveu correr com o marido novamente. “Aí o ódio pela corrida virou amor”, declara. Hoje eles correm juntos no mínimo duas vezes por semana e já participaram de pelos menos seis provas juntos. “Nós dois somos competitivos e isso sempre gera muita zoação. Ele não aceita perder para mim!”, brinca Ana Carolina.

A prova mais marcante que fizeram juntos foi a 23ª Corrida do Soldado Paulino em Ubatuba (SP), no dia 28 de maio. “Eu fiz 10 km. O Willian não estava inscrito, mas falou que iria me acompanhar nos primeiros 5 km. Correu comigo os 5 km e falouque iria mais um pouco. Foi o tempo todo me dando muita força e apoio. Quando chegamos nos 9 km pensei: “esse homem correu comigo os 9 km. Se ele chegar comigo nos 10 km vai me perturbar até o ano de 2057”. Então, avisei que ia dar um sprint, que é uma arrancada nos quilômetros finais. Engatei a quinta mancha e fui tremendo de medo dele me alcançar. Quase morri, mas cheguei na frente dele”, relata a bem-humorada Ana Carolina.

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