Pílula anticoncepcional: mitos e verdades sobre este método contraceptivo

por Feito para Ela

Ginecologista da FEBRASGO esclarece 15 dúvidas comuns sobre a pílula.

Por Letícia Martins, jornalista especializada em saúde.

A pílula anticoncepcional começou a ser vendida no Brasil na década de 1960, e desde então, houve o desenvolvimento de novos métodos contraceptivos para as mulheres e uma grande evolução dos componentes da pílula. Mesmo sendo antiga, a pílula anticoncepcional ainda causa dúvidas e inseguranças nas pacientes. O presidente da Comissão Nacional Especializada (CNE) de Anticoncepção da FEBRASGO, Dr. Rogério Bonassi, esclarece o que é mito e o que é verdade sobre o assunto.

O anticoncepcional causa trombose.

Mito. A mulher corre risco de trombose quando, previamente ao uso do anticoncepcional, já existia chances de desenvolver o problema, como nas doenças chamadas de trombofilias. Além disso, a obesidade e o tabagismo também são fatores de risco que podem causar trombose em mulheres que usam o anticoncepcional.

A pílula pode melhorar a TPM.

Verdade. A carga hormonal presente na pílula auxilia nos sintomas comuns da TPM durante o período menstrual, como as cólicas. Por isso, pode ser que ela ajude a equilibrar as alterações de humor desse período.

Qualquer mulher pode tomar pílula.

Mito. Antes de começar qualquer método contraceptivo é necessário fazer uma checagem das contraindicações. Por exemplo, a pílula não é indicada para pessoas com histórico ou risco de trombose venosa, câncer de mama, derrame cerebral (AVC), cirrose avançada, entre outros. Dessa forma, é indispensável um acompanhamento médico e avaliação do histórico familiar.

O uso contínuo do anticoncepcional pode causar infertilidade a longo prazo.

Mito. As taxas de gravidez após o uso de um anticoncepcional são as mesmas de mulheres que não usam. Se, porventura, a paciente não conseguir engravidar, o problema pode ser prévio ao uso do anticoncepcional. Por isso, é recomendado que ela consulte um ginecologista para avaliar o seu caso.

Alguns medicamentos podem cortar ou diminuir a eficácia do anticoncepcional.

Verdade. Alguns medicamentos, principalmente os anticonvulsivantes, podem diminuir o efeito da pílula.

O contraceptivo pode ser tomado em horários diferentes.

Verdade. O uso do anticoncepcional deve ser diário, porém não há obrigatoriedade de usar sempre no mesmo horário. O que compromete a eficácia é a falha no uso ao se deixar passar mais do que 24 horas do último comprimido. Para evitar o esquecimento, muitas mulheres criam o ritual de tomar a pílula sempre no mesmo horário.

É necessário trocar o anticoncepcional para não perder a eficácia.

Mito. Caso a mulher tenha se adaptado bem a uma marca específica, não há necessidade de trocar de tempos em tempos, pois a eficácia continuará sendo a mesma.

A pílula faz a mulher ganhar peso.

Mito. Não existem indícios que a pílula se relacione ao aumento de peso para a maioria das mulheres.

A paciente pode tomar qualquer anticoncepcional do mercado.

Mito. Cada mulher reage à pílula de uma forma, ainda mais com seus históricos de saúde. Por isso, é necessário que a escolha seja conjunta com um profissional capacitado, visando adequar o melhor método para cada mulher.

A mulher que usa pílula anticoncepcional pode usar pílula do dia seguinte.

Verdade. A pílula do dia seguinte só deve ser usada quando se suspeita de possível falha de uma pílula, na maioria das vezes quando a mulher esquece por mais de um dia de usar o contraceptivo e tem relação sexual desprotegida. Nessa situação pode usar o contraceptivo de emergência, porém deve estar atenta a efeitos colaterais pela alta dose de hormônios que vai usar e por alterar a próxima menstruação.

Ao trocar o anticoncepcional há riscos de engravidar.

Depende. Se a troca for feita da forma correta, a eficácia do contraceptivo é mantida. Por exemplo, se a mulher iniciar o novo método contraceptivo no primeiro dia da menstruação após o término da cartela anterior, não há risco de engravidar.

O anticoncepcional acaba com o desejo sexual.

Mito. Não existem evidências suficientes para demonstrar essa relação de causa e efeito entre o desejo sexual e o uso de contraceptivos.  

A pílula causa câncer.

Depende. A pílula pode ajudar a prevenir alguns tipos de câncer na mulher. Porém, caso já exista risco ou histórico de câncer de mama ou ovário, o uso da pílula pode ser um agravante para o seu desenvolvimento.

A combinação do cigarro com a pílula pode causar problemas de saúde.

Verdade. O cigarro não diminui a eficácia do contraceptivo, mas a combinação das substâncias presentes nos dois pode ser a causa de trombose e doenças cardiovasculares, por exemplo.

O consumo de álcool diminui o efeito da pílula.

Mito. Desde que usada adequadamente, a pílula não perde efeito com o uso de substâncias alcoólicas.

Recomendação final

Existem ainda outras contraindicações e cuidados ao começar o uso da pílula anticoncepcional, até porque o corpo feminino pode reagir a diversos fatores com a ingestão dos hormônios do contraceptivo. Para que a eficácia seja máxima, é importante fazer acompanhamento com um ginecologista para saber qual melhor método se encaixa no seu perfil.

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