Inseminação artificial: o sonho da maternidade versus os riscos de fazer o procedimento em casa

por Feito para Ela

Inseminação caseira pode expor mulheres e bebês a infecções e doenças genéticas, além de problemas jurídicos no futuro.

Por Letícia Martins, jornalista com foco em saúde

A maternidade é um sonho para muitas mulheres, que veem na inseminação artificial uma solução viável para realizar esse desejo. No entanto, com o aumento da popularização da inseminação caseira, é fundamental entender os possíveis riscos para a saúde tanto da mulher quanto do filho a ser gerado.

Inseminação artificial é uma técnica médica que introduz espermatozoides no útero da mulher para que ela possa gerar filho(s). Porém, com o passar dos anos, aumenta o número de relatos de pessoas que fazem esse procedimento de forma caseira. O que ninguém comenta, porém, são os riscos dessa escolha.

“A inseminação artificial caseira é uma prática que envolve a coleta do sêmen por um doador, que pode ser um conhecido da mulher ou algum doador encontrado em sites ou grupos de bate-papo”, explica a ginecologista Dra. Natalia Ivet Zavattiero Tierno, especialista em Reprodução Assistida e membro da Comissão Nacional Especializada (CNE) de Reprodução Assistida da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

Ela ressalta que esses sites e grupos não são validados por entidades médicas ou pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Após a coleta do sêmen desse doador, imediatamente é feita a inseminação na mulher, com o uso de uma seringa ou de outros instrumentos, como um cateter colocado no útero. No entanto, o uso de espéculos e cateteres por leigos pode levar a lesões. Então, o primeiro passo dessa versão caseira do procedimento já traz o risco de lesões na parede vaginal e no colo do útero”, enfatiza a Dra. Natalia.

A combinação de instrumentos e pessoas leigas em medicina pode tornar o procedimento muito doloroso para a mulher, além de trazer consequência graves. Isso porque o material utilizado pode estar ou ser contaminado no ambiente, representando também o risco de transmitir infecções por fungos e bactérias, que podem penetrar no útero e deixar a mulher infértil.

Outro aspecto preocupante refere-se à falta de triagem dos doadores, que é uma exigência estabelecida pela Anvisa em todo o Brasil para prevenir a transmissão de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como HIV, hepatite e HTLV (retrovírus/vírus linfotrópico de células T humanas). A entidade também impõe a realização de testes de genética (cariótipo), além de exames para Zika vírus, hepatite, sífilis, gonococos, entre outros.

A ginecologista ressalta que, ao optar pela inseminação caseira sem a devida supervisão, informações importantes para o êxito do procedimento podem ser negligenciadas, como o momento exato da ovulação, o processo de estimulação ovariana e o preparo do sêmen. “Em uma clínica de reprodução assistida, o sêmen não é simplesmente inserido no útero da mulher. Ele passa por um processo de preparação que aumenta significativamente as taxas de sucesso do tratamento”, expõe a Dra. Natalia.

Riscos da inseminação caseira para o bebê

Além de todos esses riscos que a mulher corre ao fazer a inseminação caseira, o procedimento também pode deixar o bebê exposto a:

  • Infecções: A gestante pode contrair infecções do doador, que têm a possibilidade de ser transmitidas ao feto através da placenta, configurando o que se conhece como transmissão vertical. Um exemplo é a sífilis congênita, que pode ter sérias consequências para a saúde do recém-nascido;
  • Riscos genéticos: A ausência de uma triagem adequada do doador pode expor a criança a riscos de alterações genéticas;
  • Questões de paternidade: Ao contrário dos procedimentos realizados em clínicas de reprodução assistida, onde o anonimato do doador é garantido, na inseminação caseira, o doador pode reivindicar a paternidade no futuro, o que levanta complexas questões legais.

Se você está cogitando a opção da inseminação artificial, procure informações confiáveis em sites éticos e que defendem a medicina, como o da Febrasgo, que reúne informações seguras sobre os mais diversos assuntos relacionados à saúde da mulher e que serve como uma porta para a paciente percorrer um caminho, sem medo, em direção a realização de um sonho – e, melhor ainda, com segurança.

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